Quando vi bonsai numa matéria
sobre templos orientais num exemplar da revista National Geographic, a
associação com a vegetação característica
da região onde vivo foi imediata. Desde a minha infância moro
em Cabo Frio, Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, e cresci
enveredando pela restinga em busca de aves, frutas silvestres e aventura.
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Eu já conhecia bonsai,
mas aquelas árvores imponentes (com certeza eram yamadori) envasadas
na entrada daquele templo me causaram um impacto muito forte, pela familiaridade
inusitada daquelas formas e pela convicção de que eu era
capaz de realizar algo daquela magnitude.
O ano era 1992, e desde então
me dedico ao cultivo dessa arte com a utilização de espécies
nativas.
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No início o meu interesse
foi mais centrado no ipê amarelo (Tabebuia crhysotricha), planta
que tem por marca o esplendor de sua floração.
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Até que encontrei o Pithecolobium
tortum, conhecido como jacaré ou tataré, outra espécie
bastante comum na minha região (existe inclusive um bairro com esse
nome na minha cidade, por conta de uma árvore antiga no local).
A partir daí a atividade
do bonsai yamadori se desenvolveu com vigor, se aprimorou, a magnificência
da expressão do jacaré (tataré) repercutiu no Brasil
e no exterior, conquistou admiração, respeito e honrarias
mundo afora, e de alguma forma ajudou a lançar o país no
cenário internacional dessa arte milenar, com classificações
em concursos internacionais e publicações em edições
especializadas, sempre enaltecida, tanto pela beleza singular do jacaré
(tataré) quanto pelo esmero do meu traço, como uma riqueza
genuinamente brasileira, o que me enche de orgulho.
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Também faço
suiseki, uma outra arte encantadora. Através dela represento a exuberância
da paisagem da minha região, a beleza contundente do encontro do
mar com o continente. Sempre procurando expressar, do mesmo modo que o
bonsai, a natureza que emoldura a minha vida, o meu lugar, as minhas circunstâncias. |
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Bonsai é o exercício
do equilíbrio, a vida que se tornou plena na adversidade, a equivalência
harmônica dos opostos complementares. A majestade miniaturizada.
Esse é o sentido da minha expressão artística e também
o sentido da minha vida, do meu caminho, e me sinto muitíssimo bem
por me saber capaz de realizar uma obra tão sublime com tamanho
requinte e propriedade ao longo do meu estradar.
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PRÊMIOS
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Matéria, veiculada pela
BCI - Bonsai Clubs International, edição referente aos meses
de JAN/FEV/MAR 2008.
Foi veiculada também na versão
chinesa do Magazine BCI
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YAMADORI
Árvore ao lado resultado da
coleta acima.
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PRÉ-BONSAI
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PLANTAS
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