CARLOS TRAMUJAS
CURITIBA-PR
Sou Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal do Paraná em 1987. Nasci em Curitiba e minha história com o bonsai começou durante a faculdade, portanto já se vão mais de 20 anos desde que reguei as minhas primeiras árvores. No inicio encontrei muitas dificuldades já que naquela época as informações disponíveis eram poucas, afinal de contas ainda não tínhamos a internet e os poucos livros eram importados e caros. Como qualquer iniciante, perdi muitas plantas, regando de menos, podando demais e aplicando as técnicas de maneira incorreta no momento inoportuno. Talvez por me lembrar muito bem dessa época e das dificuldades que tive, é que nunca tenha tido preconceito contra os iniciantes, coisa comum dentro do mundo do bonsai, pois sei o quanto é longo e laborioso o caminho a ser percorrido para se conseguir o aprofundamento na arte.
Com Jiro Mizuno em sua casa em Santo André, São Paulo. Acho que essa foto é de 87 e me trás boas lembranças de como tudo começou. Sr. Jiro foi uma pessoa muito especial em minha vida.
Nesse período conheci Jiro Mizuno, que foi sem dúvida um marco em minha vida, não somente pelo artista que dominava todas as técnicas do bonsai tradicionalmente japonês, mas também pela pessoa encantadora, humilde e sempre disposta a ensinar os que realmente estavam dispostos a aprender. Dona Mizuno, sua inseparável companheira muitas vezes me hospedou gentilmente em sua casa. Fico feliz em ver que o Eduardo e a Cecília continuaram com a tradição familiar de difundir a arte do bonsai. Nesse período também conheci o Mestre Hidaka, O Sr. Hadano, pai do Nelson Hadano e outros grandes artistas tradicionais da época como o Sr. Ono, o Sr. Kodama, o Sr. Kojima e o Sr. Iwazaki, que infelizmente já não estão mais entre nós.
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Visita ao viveiro de Hidaka San em 98. Fonte contínua de inspiração.
Hidaka San e Paulo Maeshiba durante uma das minhas primeiras visitas a Atibaia em 88. O Sr. Maeshiba de Curitiba já é falecido, e foi um grande companheiro de viagens.
No final de 1992 nasceu a Bonsai Arts Garden, uma loja em Curitiba que foi aberta em sociedade com o paisagista Acyr Cornelsen. Realizávamos projetos e execução de jardins, comercializávamos bonsai, fazíamos exposições e foi quando comecei a ministrar cursos básicos de bonsai. Conheci o Zezão época, através da loja, e ele já era fascinado pelo bonsai, só que ainda não tinha nenhuma intimidade com a motosserra. Já fiz muita coisa boa com o Zezão! Um pouco depois conheci o Roberto Gerpe do Rio, que se tornou um grande amigo e realizamos bons projetos juntos.
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Graças a ele tive a oportunidade de ir inúmeras vezes para Heidelberg na Alemanha, que na época era o maior centro de bonsai da Europa. 

Bosques de coníferas no viveiro de Paul Lesnievicz

Demonstração no Bonsai Centrum Heidelberg na Alemanha em 1995. Com Horst Krekeler e Roberto Gerpe
O Bonsai Centrum naquela época ainda estava sob o comando de Paul Lesniewicz, um verdadeiro mito do bonsai moderno, com inúmeros livros publicados e o primeiro europeu a importar bonsai da China e Japão em grande escala. Seu viveiro era realmente uma maravilha. Seu braço direito era o Horst Krekeler, que trabalhou anos no viveiro e que muitos brasileiros tiveram o prazer de conhecer nas inúmeras vezes em que ele esteve no Brasil para participar dos eventos do Vicente Romagnole. O Horst é uma daquelas figuras que a gente nunca esquece!
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Rock Junior, Marita Gurruchaga da Argentina, Jacky do Chile, Thierry Font da França, eu e Alexis Vidal do Chile durante  um dos encontros nacionais em Mandaguari. Não posso deixar de prestar aqui minha homenagem a quem considero os representantes do bonsai na Argentina e no Chile. Amigos que nos visitam a mais de 10 anos, trocando experiências e prestigiando nosso trabalho.
 Acredito que os primeiros bonsai importados que entraram no Brasil foram de Heildelberg e através do Roberto. Fizemos inúmeras importações juntos e nessa época me lembro perfeitamente que a cada chegada de uma nova remessa era uma festa. Muitas espécies novas e exóticas foram introduzidas no Brasil nesse momento.
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Vídeo  "Introdução ao Bonsai"

Capa do vídeo “Introdução ao Bonsai com Carlos Tramujas” lançado em 2000
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Vistas gerais da estufa na antiga Bonsai Brasil. Ano 1996
Alguns anos depois, acho que no final de 1996, com a ajuda da Eliza, minha esposa, criei a Bonsai Brasil, com outra mentalidade e disposto a difundir a arte do Bonsai por todos os cantos do Brasil.
O lado empresarial sempre me atraiu muito e sofri muitas críticas e preconceitos por isso, mas o meu desafio interior sempre foi desenvolver a parte comercial, sem deixar de lado a verdadeira arte do bonsai.

Naquela época era um desafio despachar bonsai por transportadoras, mas mesmo assim enviamos pedidos para muitas cidades espalhadas por todo o Brasil
Naquela época já tínhamos clientes espalhados por todos os cantos do país, como o Sergivaldo Costa, hoje com um belíssimo trabalho com as nativas do nordeste, o Sr. Martins de Natal e o Bergson de Maceió.
Não posso esquecer também do David Yamamoto de Brasília entre tantos outros clientes que posteriormente se tornaram amigos e companheiros. Cada venda que fazíamos era uma satisfação, não somente para nós que despachávamos as plantas, mas também para os clientes que as recebiam.
Acho que poderia escrever um livro somente com as histórias da Bonsai Brasil e seus clientes.
Nessa época criei o site da Bonsai Brasil e fomos os pioneiros na comercialização de bonsai e seus complementos pela internet, enviando produtos para todo o Brasil. 
Para quem se lembra, era um site bem completo, com informações, dicas e acredito eu, um dos primeiros fóruns de bonsai, senão o primeiro. Muitas horas de trabalho, inclusive à noite para manter o site atualizado e responder as pergunta que eram muitas. 
Montamos uma estrutura para fazer exposições itinerantes pelo Brasil e em pouco tempo já havíamos realizado exposições nas principais capitais brasileiras; Rio, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte entre muitas outras cidades.  Lembro-me que a primeira exposição grande que fizemos em Belo Horizonte, foi com o Rock Junior que na época era nosso parceiro comercial e iniciava os projetos de criação e divulgação da Terra Bonsai, que hoje é uma grande referência quando se trata do assunto Bonsai. 
Saudades daquele tempo!
Nessa época, mais ou menos em 97, eu já mantinha contato com a Mistral Bonsai da Espanha, pois fazíamos importações freqüentes do Uruguai. A Mistral tinha um centro de distribuição lá e foi numa das viagens ao Uruguai que conheci seu proprietário, o Sr. Manolo Ibañez.
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Visita ao viveiro de Kimura no Japão. Nesta foto ao lado de um dos seus melhores trabalhos, segundo o meu ponto de vista. A realização de um sonho.
Com Kimura e Vicente Romagnole no Japão. Também companheiro de muitas viagens, considero o Vicente um grande amigo.
Não posso esquecer que o ano de 1997 também foi marcante para mim, pois tive a oportunidade de realizar o sonho de ir ao Japão e conhecer os templos de Kyoto e viveiros importantes de bonsai, como os de Takeyama, Saburo Kato e Kimura. 
 

Nesses anos que morei na Espanha, uma das atividades que fazíamos com freqüência era caminhar pelas montanhas para apreciar os Pinus, Juniperus e tantas outras espécies, em seu habitat natural. Acredito que tenha sido uma das minhas maiores lições de aprendizagem no período em que morei fora do Brasil.
Com a visita do Manolo a Bonsai Brasil no final de 99, recebi o primeiro convite para ir trabalhar na Espanha,
 mas minha filha Giovanna tinha apenas alguns meses de vida e o envolvimento com a empresa era tão grande que não conseguia visualizar a concretização desse projeto, apesar do interesse nesse momento já ser muito grande. No ano 2000 fui com a família para o I Congresso Mistral Bonsai e no ano seguinte já com o projeto mais definido em minha cabeça, fui sozinho para passar três meses e poder vivenciar melhor o que representaria de fato ir morar na Espanha. No ano seguinte consegui vender a empresa e todas as minhas plantas e nos mudamos para a Espanha já com o contrato de trabalho feito com a Mistral. Foi um momento de desapego muito grande, pois haviam plantas que já estavam comigo há muitos anos. Foi realmente uma grande lição de vida.
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Meu local de trabalho na Mistral durante um bom tempo, antes de ser criado o Departamento de Publicações.
Na Mistral, tive a oportunidade de fazer de tudo um pouco e participar de muitos processos, tais como o de produção no campo, logística e embalagem e importação e exportação, entre outros. Mas uma das atividades com que mais me identifiquei foi assumir a relação comercial com os clubes e associações da Espanha, que hoje somam mais de 150 no total. Essa relação durou todo o tempo em que estive lá e me rendeu bons amigos, com os quais mantenho contato até hoje.
Também trabalhei árvores, fiz demonstrações, colaborei com a montagem do site da Mistral e criei o Departamento de Publicações, com a finalidade de editarmos guias de espécies, livros e comercializarmos produtos afins. Nosso departamento também administrava as vendas da revista France Bonsai, 

Capa da revista espanhola Bonsai Pasion, da qual fui editor chefe no período em que trabalhei na Espanha
e quando começamos a publicar a versão em espanhol, a Bonsai Pasion, me tornei o editor chefe da mesma, 
função esta que durou até o momento da minha volta para o Brasil. Trabalhando diretamente com a revista, tive a oportunidade de viajar muito e conhecer os melhores artistas europeus, suas técnicas e seus trabalhos.

Vistas gerais do viveiro da Mistral, onde os números são todos muito grandes. Como por exemplo, os 60.000 m² de sombrite e estufas e os mais de 500.000 bonsai em estoque.

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Demonstração no Congresso Andaluz de Bonsai em Sevilha, Espanha.
Demonstração no Hofner Bonsai Club na Suíça em 2002
  Foi uma decepção muito grande ouvir de certas pessoas que eu tinha estado na Mistral, mas que não tinha trabalhado diretamente com os bonsai. Sabem que no inicio pensei que só faria isso mesmo, mas assim que cheguei lá, o Manolo me disse que para trabalhar com os bonsai ele poderia trazer artistas do Japão que sem duvida fariam o trabalho melhor do que eu, e como realmente faziam. Todos os anos em que estive lá ele trazia o Sr. Tooru Tsukui por pelo menos três meses apenas para trabalhar com os bonsai. Essa grande figura só falava o japonês, mas mesmo assim acabamos nos tornando grandes amigos. Outra pessoa que me afeiçoei muito e do qual acabei me tornando amigo foi o Atsushi Fukushima, outra revelação no bonsai e que já tinha estudado com o Kimura. Ele também passava longos períodos na Mistral apenas fazendo bonsai e me dizia que era a única coisa que sabia fazer bem. O Thierry Font da França que era contratado da Mistral para trabalhar uma semana por mês, também com os bonsai, foi um grande companheiro e amigo durante todo os anos em que estive lá. Hoje eu penso que se realmente tivesse ficado apenas trabalhando com as árvores, teria deixado de viver intensamente o dia a dia da maior empresa de bonsai do mundo que se tornou a Mistral Bonsai. O Manolo é realmente um excelente empresário e minha admiração por ele é muito grande pelo que ele conseguiu construir em tão pouco tempo. Durante o período que estive na Mistral, acredito que o meu maior desafio tenha sido o de organizar o Concurso Internacional Mistral Bonsai “Premio Olea”, um concurso de bonsai com participantes de vários países da Europa. Durante os Congressos da Mistral pude receber vários amigos do Brasil. O Zezão esteve por lá, o Vicente Romagnole e a Ilza, sua filha, a Regina Suzuki, o Rock e a Renata, o Joca e o Tozé do Rio, o Mario Leal e seu irmão Luis Vidal, a Rosane, que na época era presidente da Associação Brasileira de Bonsai e o seu filho Gustavo, entre muitos outros.
Minha participação nos eventos da Mistral sempre foi muito intensa e pude vivenciar de perto a organização de grandes eventos de bonsai, inclusive desempenhando atividades de grande responsabilidade, tais como:
- Presidente da Comissão organizadora do I e II Concurso Internacional Mistral Bonsai de Bonsai e Suiseki, Premio Olea.
- Participação da organização do II e III Congresso Internacional Mistral Bonsai.
- Coordenador geral na elaboração do DVD II Congresso Mistral Bonsai com Masahiko Kimura.
- Responsável pela elaboração dos livros “Premio Olea” edição 2003 e 2005.
- Coordenador das demonstrações de bonsai.
Os maiores nomes do mundo do bonsai da atualidade já haviam passado pelo Congresso Mistral, no tempo em que eu estava por lá. Entre eles:
Masahiko Kimura, Takeo Kawabe, Tooru Tsukui do Japão, Thierry Font, Alain Arnaud e Patrice Bongrand da França, David Benavente, Gabriel Romero, Luis Valejo, Carlos Barrero e Sebastián Fernandez da Espanha, Pavel Slovak da República Checa, Kevin Wilson da Inglaterra, Marco Invernizzi e Salvatore Liporace da Itália e Pedro Morales de Porto Rico, entre outros.
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Atsushi Fukushima do Japão

Com Atsushi Fukushima do Japão, no atelier da Mistral. Bom amigo!
Almoçando com Kunio Kobayashi durante um Congresso Mistral Bonsai. Kobayashi é uma figura rara e nunca dispensa um bom vinho. Nem só de bonsai vive o bonsaísta!
Com Toshio Ishii, mestre japonês e o resultado final de minha demonstração feita com um Juniperus Itoigawa durante um Congresso Mistral Bonsai. Ao fundo, Joca que esteve à frente durante muitos anos da Tropical Bonsai no Rio de Janeiro. O Joca sempre foi amigo e companheiro dentro do mundo do bonsai, até que teve que se afastar ha alguns anos por sérios problemas de saúde. Grande Joca! Saudades!!!
Como editor chefe da revista Bonsai Pasion, participei dos melhores eventos espanhóis e europeus, fazendo demonstrações e a cobertura jornalística dos mesmos. Viajei muito pela Europa nesse período, onde tive a oportunidade de conhecer países como a França, Portugal, Suíça, Bélgica, Itália, San Marino, Holanda e Alemanha.
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Placa recebida da Associação Espanhola de Bonsai pelo reconhecimento dos trabalhos realizados
Minha ótima relação com os clubes de bonsai da Espanha, fez com que eu tivesse um envolvimento muito grande com a Associação Espanhola de Bonsai (AEB) e fui convidado por eles para participar dos seus principais eventos, assim como, para ser juiz oficial de concursos de bonsai e de jovens talentos em diversas ocasiões.
- Participação no XV, XVI e XVII Congresso Nacional Espanhol da Associação Espanhola.
- Juiz do Concurso Espanhol de Novos Talentos 2002, 2003, 2004 e 2005.
- Juiz do Concurso de Novos Talentos Andaluz 2003.
- Juiz do I e II Concurso Nacional de Bonsai Memorial Francisco García Ribas.
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Não posso deixar de mencionar que em abril de 2004 tive a oportunidade de viajar para os Estados Unidos e fazer uma excursão a Bristlecone Pine nas White Montains na Califórnia para a elaboração do artigo “As árvores mais velhas do mundo”. O intúito dessa viagem foi também visitar os mais importantes mestres de bonsai da Califórnia como; Ernie Kuo, Massaru Ishi, Roy Nagatoshi, Harry Hirao e Ben Oki para a elaboração do artigo “Juniperus da Califórnia” para as Revistas Bonsai Pasion (Espanha) e France Bonsai (França). 

Bristlecone Pine, California. Reportagem sobre as árvores mais velhas do mundo, os Pinus longaeva
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"Na casa de John Naka na California com Zezăo e Roberto Gerpe. A oportunidade de conhecer o mestre dos mestres pouco antes da sua morte foi outro momento muito significativo em minha vida."
O apoio do Roberto Gerpe que morava lá naquela época foi fundamental para a realização desse projeto e com ele tive a oportunidade de visitar John Naka, poucos meses antes da sua morte. O Zezão de Curitiba também foi companheiro de viagem para a realização desse projeto e passamos bons momentos juntos por lá!

Meu retorno oficial para o Brasil começou quando minha esposa e minha filha voltaram definitivamente em dezembro de 2004. Eu acabei ficando até maio de 2005 a pedido do Manolo e do Raul, os proprietários da Mistral, para auxiliar na organização do Congresso que ocorreria em Abril deste mesmo ano.
Muita gente me pergunta por que eu voltei para o Brasil, assim com alguns dizem que eu deveria ter ficado por lá. Mas o meu tempo lá havia terminado, não só o meu, como o da minha família. Difícil ver minha filha crescer longe dos tios, avós e primos, ver minha mulher com dificuldades de validar o seu diploma e não poder trabalhar oficialmente na sua área e também por não deixarmos de ser eternos estrangeiros. Meu pai morreu quando eu estava lá e não pude estar ao lado da minha família aqui no Brasil para ajudar a confortar a dor. Foram uma série de fatores que associado ao fato de eu não ter medo de mudanças radicais em minha vida, que fizeram que voltássemos para o Brasil. Hoje não me arrependo nem de ter ido, e nem de ter voltado. Me arrependo somente daquilo que eu deixei de fazer.
No período em que fiquei sozinho por lá, comecei a realizar um projeto antigo, e que até então nunca havia transposto a barreira do sonho e do desejo: escrever um livro.  Trabalhei muito nesse projeto, primeiro fazendo pesquisas e compilando um grande banco de imagens, e para isso, não havia um lugar melhor do que a Mistral e finalmente numa noite fria de outono, comecei a escrever. Tive um apoio muito grande do Thierry naquele momento, que por sinal me presenteou com uma série de desenhos, o que me estimulou ainda mais. Em maio de 2005 quando regressei ao Brasil, já tinha uma boa parte do livro escrito e diagramado. Hoje, apesar de faltar menos de 10% para a conclusão do meu projeto, ele teve que ser paralisado, pelo envolvimento que tive em um projeto ainda maior e mais importante na minha vida nesse momento, que se chama Bonsai do Campo. Falta pouco para terminar o que acredito ser, um livro importante para o Brasil, não somente pelas mais de 280 páginas que compõem o projeto original, mas também pela abrangência geral sobre a arte do bonsai, assim como pela qualidade das quase mil fotos e desenhos. Um livro escrito e desenhado pensando em ajudar e estimular os iniciantes na arte, mas também para ser apreciado e criticado por aqueles que se julgam experts no assunto. Espero em breve, quem sabe até o final de 2009, concluir o projeto e ir atrás de patrocínio para poder publicá-lo.
 

O projeto Bonsai do Campo começou com uma parceria em abril de 2006, com o viveiro de plantas ornamentais Belvedere, considerado um dos maiores do Brasil em extensão de área cultivada e com mais de 35 anos de tradição.
 A idéia inicial era dar uma consultoria no sentido de melhorar o sistema de produção de plantas para pré-bonsai e bonsai. Trabalhei esse período diretamente com o Edson Anderman, filho de um dos sócios e também Engenheiro agrônomo e responsável pelo setor de bonsai. A parceria deu resultados e o setor de bonsai se desenvolveu melhor do que o previsto.
No início de 2007, criamos a marca Bonsai do Campo, acreditando que o nome tinha tudo a ver com o lugar maravilhoso onde o viveiro se encontra, ou seja, a área rural do município de Porto Amazonas, a aproximadamente 70 km de Curitiba.

Área comercial dos pré-bonsai. Fotos de 2007 e 2008

Alguns bonsai considerados como acervo da Bonsai do Campo
  Em outubro de 2007, realizamos um projeto audacioso que foi a realização do I Encontro Nacional do Bonsai Rural. Audacioso pela dificuldade aparente em levar os participantes do evento para o “meio do mato” e fazê-los vivenciar de perto a realidade de um grande viveiro de plantas ornamentais. O evento foi um sucesso, e apesar das dificuldades conseguimos concretizar o sonho de realizarmos um evento na fazenda.
Infelizmente tivemos que cancelar a segunda edição do Bonsai Rural que seria no final de outubro de 2008. Realmente uma pena, pois já tínhamos até o cartaz feito e preparado para divulgação. O principal motivo foi a instabilidade gerada dentro do viveiro causada pela dissolução da sociedade e que já vinha acontecendo há algum tempo. E lá se vão 35 anos de trabalho em conjunto! Esse processo segue até os dias de hoje e creio que terminará completamente até maio de 2009. Nosso maior desejo é realizarmos a segunda edição este ano, mas devido às circunstancias é prematuro afirmarmos qualquer coisa a respeito. 
Como resultado da separação, a Bonsai do Campo ganhou vida própria e autonomia, sendo sua principal diretriz a produção e comercialização de plantas, mas tendo como objetivo único, o bonsai. Não vejo uma forma melhor de exercer minha profissão.
Vida nova, projeto novo e muito trabalho pela frente!
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Hoje com 48 anos, tenho muita satisfação em dizer que me tornei sócio do Edson na empresa Bonsai do Campo, e que me sinto feliz e realizado, pois mais uma vez, minha vida segue com toda a intensidade de encontro ao bonsai.

Cartaz do I Encontro Nacional do Bonsai Rural que realizamos na fazenda da Belvedere em 2007
Foto tirada durante o Bonsai Rural em 2007. Com Edson Anderman, sócio na Bonsai do Campo e Sr. Wu, um dos demonstradores convidados para o evento.
Eu já viajei muito pelo Brasil dando curso e fazendo palestras e continuo viajando, e em cada cidade, em cada clube, em cada local que vou, encontro novos talentos. Pessoas que precisam apenas de um pouco mais de apoio para se tornarem grandes bonsaístas. Acredito muito no bonsai no Brasil e vejo que cada vez mais caminhamos em busca de uma identidade própria, e que por mais que nos inspiremos nos conceitos e regras japonesas, essa identidade tem a nossa alma e nosso jeito único de fazer bonsai.

Aproveito para agradecer ao Mario Leal a oportunidade de escrever um pouco sobre minha vida e para me desculpar se deixei de mencionar alguém, mas acho que o importante mesmo é saber que todas as pessoas com quem eu convivi ao longo desses anos contribuíram de alguma forma para o meu crescimento na arte do bonsai.

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TRABALHO
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Eu e minha filha Giovanna em uma manhã de domingo trabalhando com uma Cryptomeria. Em Curitiba, tenho um atelier em casa, onde posso realizar alguns trabalhos mais elaborados. Foto de 2006

Primeiro plantio em vaso para bonsai

Cryptomeria japônica “pipo”. Foto tirada em 2008, logo após ser transplantada para um vaso mais adequado para seu estilo
Criptomeria

PLANTAS
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Buxus Semprevirens
Calliandra brevipes
Cambui - Myrciaria tenella
Cereja - Eugenia mattossi