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30.12.2011
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MensagemEnviada: Sáb Maio 03, 2008 7:12 am    Assunto: Responder com citação

Momotaro
Texto: Erica Noda

Em uma vila distante, vivia junto um casal de velhinhos. Num certo dia, o velhinho colhia gravetos de madeira na montanha e a velhinha lavava roupas no riacho. Enquanto esfregava as roupas, ela viu um pêssego enorme flutuando no rio e, com alguma dificuldade, conseguiu alcançá-lo.

Ela carregou o pêssego para casa, parando diversas vezes no caminho para descansar. O velhinho chegou em casa no final da tarde e ficou muito contente quando viu o enorme pêssego. "Que lindo pêssego, parece delicioso!", disse o velhinho. Quando se preparavam para fatiá-lo, o pêssego se mexeu. "Esta vivo, está vivo", disse a velhinha.

De repente, um pequeno menino saiu de dentro do pêssego. Estarrecidos, os dois ficaram olhando e examinando. Como não tinham filhos, eles ficaram muito contentes e resolveram adotar o menino. Decidiram que seu nome seria Momotaro.

O tempo passou e, quanto mais o Momotaro crescia, mais saudável ficava. Numa certa noite, ele ouviu conversas sobre os Onis, monstros que atacavam as aldeias e assustavam os moradores locais. Ele ficou tão bravo que tomou uma decisão: iria à Ilha dos Onis para combatê-los.

A princípio, seu pais ficaram muito assustados, mas gostaram de ver a coragem do filho. Apesar do medo que sentiam, os velhinhos preparam diversos bolinhos, os kibidangos, para Momotaro levar na viagem.

Na manhã seguinte, Momotaro partiu, levando consigo os kibidangos. No caminho, ele encontrou um cachorro. "Momotarosan, Momotarosan, por favor, dê-me um bolinho e eu irei com você enfrentar os Onis", disse o cachorro. Momotaro deu-lhe um kibidango e o cachorro partiu com ele.

Mais adiante, encontraram um macaco. "Momotarosan, Momotarosan, o que você leva neste saquinho?". "São kibidangos, os deliciosos bolinhos, os melhores do Japão"." Pode me dar um? Assim eu irei com vocês". E assim foi feito. Momotaro, o cachorro e o macaco seguiram o caminho juntos e, mais à frente, viram um faisão. Ele também pediu e ganhou um kibidango e assim seguiram em quatro.

Após uma longa jornada eles chegaram ao mar. Remaram e remaram, enquanto o faisão voava e indicava o caminho, pois o céu estava escuro e coberto de nuvens. Quando chegaram à ilha dos Onis, tudo parecia assustador, os portões do castelo eram grandes e escuros, havia névoa e o dia estava escuro.

O macaco, com toda sua agilidade, escalou o alto portão e o destrancou por dentro. Todos entraram no castelo e deram de cara com os horrendos Onis, que se levantaram e encararam os quatro. "Sou Momotaro e vim enfrentá-lo". Travou-se então uma grande luta. O faisão voava e, com seu bico afiado, feria os inimigos. O cachorro corria em volta do Onis e lutava com dentadas, enquanto o macaco utilizava suas unhas.

Finalmente, após muita luta, Momotaro e seus companheiros derrotaram os Onis. "Nunca mais vamos invadir as aldeias e prejudicar os moradores, nós prometemos. Por favor, poupe nossas vidas ", disse o chefe dos Onis.

Compreensivo e bondoso, Momotaro perdoou os Onis. Em troca, o chefe ofereceu-lhe os tesouros que eles vinham roubando das aldeias, eram moedas de ouro, pedras preciosas e outros objetos de grande valor. Momotaro retornou para casa e, quando seus pais o viram, não puderam acreditar. Ele estava salvo e carregava um grande tesouro, que foi dividido entre todos os moradores da aldeia.

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MensagemEnviada: Dom Maio 04, 2008 8:36 am    Assunto: Responder com citação

Tanabata
Texto: Erica Noda

Era uma vez um homem, chamado Mikeram. Um dia, quando voltada do trabalho e andava perto de um lago, avistou uma manto preso a uma árvore. Era feito de tecidos finos, muito bonito e brilhante. "Que lindo manto! Deve valer uma fortuna", pensou o rapaz. Ele pegou o manto e guardou consigo.

"Com licença senhor", ouviu alguém dizer enquanto se preparava para ir embora. "O senhor viu o meu manto, ele estava aqui, sobre esta árvore?" Mikeram mentiu, "não, não vi nada parecido com um manto aqui". "Ai, como voltarei agora para o meu reino, acima das nuvens, sem meu manto eu não consigo.", disse a jovem mulher.

Ela se chamava Tanabata. Mikeram apaixonou-se pela linda mulher à primeira vista e tinha medo que, ao devolver o manto, ela partisse para longe. "Venha comigo, você pode ficar na minha casa enquanto não encontra seu manto sagrado".

Eles se casaram e viveram juntos por alguns anos. Mas Tanabata olhava para as estrelas todas as noites, ela tinha muita saudade de seu reino. Todos os dias Mikeram saía para trabalhar e Tanabata ficava em casa, com os passarinhos. Um belo dia, ela viu um passarinho bicando algo no telhado e logo percebeu que era o seu manto.

"Então foi Mikeram que pegou meu manto, ele sabia o tempo todo". Preparou-se para partir, vestiu seu manto e ia subindo, quando ouviu Mikeram gritando. "Você encontrou seu manto, me perdoe, não vá, eu te amo". Tanabata gritou, "Se realmente me ama, faça mil pares de chinelos e enterre-os perto de um broto de bambu. Assim nós nos encontraremos novamente, eu estarei esperando". E partiu voando.

Assim, dia após dia e noite após noite, Mikeram produziu chinelos e mais chinelos. Quando finalmente conseguiu juntar mil pares, correu para um broto de bambu e os enterrou. De repente, o bambu cresceu e cresceu. Sem perder tempo, Mikeram subiu até as nuvens. Mas, quando chegou perto do topo, percebeu que não havia mais árvore para subir e ainda faltava um pouco para chegarão topo. Na verdade, ele havia errado na conta, construíra somente 999 pares de chinelo.

"Tanabata, Tanabata, me ajude a subir, sou eu, Mikeram". Tanabata ouviu os gritos do marido e correu para ajuda-lo. Quando ele finalmente conseguir subir, os dois se abraçaram. Mas de repente, ouviram um grito, "quem é você?", perguntou o pai de Tanaba a Mikeram.

"Ele é meu marido e eu o amo", disse Tanabata. O pai não gostou nada de Mikeram, ele era de outro reino e não servia para sua linda filha. "Para ficar aqui, meu rapaz, você terá que cumprir algumas tarefas. Está vendo aquelas cestas, eu quero que você plante todas as sementes que estão nelas". "Sim, senhor, farei isso.", respondeu timidamente Mikeram.

Havia milhares de sementes e ao final de três dias, Mikeram plantara todas. "Mas, o que significa isso? Você plantou as sementes no campo errado", disse o pai, enfurecido. "Você terá que plantar todas novamente e rápido", ordenou. Pobre Mikeram, levaria anos para achar todas as sementes e planta-las novamente.

Felizmente, Tanabata teve uma grande idéia: chamou seus pássaros de estimação e pediu para que eles achassem e replantassem todas sementes, juntos com outros pássaros amigos. Assim, o céu ficou coberto de pássaros, que cumpriram a tarefa.

O pai de Tanabata mal pode acreditar no que viu. Logo pensou em outra tarefa difícil para Mikeram: ele deveria cuidar da plantação de melancias por três dias e três noites, sem comer ou beber nada. "Tome muito cuidado, Mikeram, melancias são frutas sagradas no meu reino", advertiu Tanabata, "não coma uma sequer."

Após dois longos e cansativos dias, Mikeram estava exausto, como muita fome e sede. Ele não resistiu e abriu uma das milhares de melancia. De repente, uma enorme quantidade de água jorrou da melancia, como um rio turbulento, arrastando Mikeram para longe, muito longe do reino das estrelas e de Tanabata.

A partir deste dia, Tanabata e Mikeram se encontram somente uma vez por ano, no dia 7 de julho. Nesta data, o pai de Tanabata convoca todos os pássaros do reino para formar uma grande ponte, que leva Mikeram a Tanabata.


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MensagemEnviada: Seg Maio 05, 2008 10:37 am    Assunto: Responder com citação

Kaguya Hime
Texto: Erica Noda

Há muito, muito tempo, existia um velhinho e uma velhinha, que viviam juntos numa casa no meio da floresta. Eles eram muito pobres e solitários, pois não tinham filhos para criar. O velhinho era conhecido pelo nome de Cortador de Bambus, pois, todos os dias, ele saía cedo para cortar bambus na floresta. Os dois faziam cestas e chapéus para vender e ganhar algum dinheiro.

Um belo dia, enquanto estava na floresta, o velhinho avistou um broto de bambu, que brilhava, com uma luz muito intensa. Ele ficou espantado, pois, em anos e anos de trabalho, nunca havia visto algo como aquilo. Muito curioso, ele cortou o bambu e mal pôde acreditar no que viu. "Uma menina, uma menina! Tão pequena e tão linda, só pode ser um presente de Deus!".

Ele levou a pequena menina na palma de uma de suas mãos para casa. Ao ver a menina, a velhinha também ficou muito contente e eles resolveram que o nome dela seria Kaguya Hime (Princesa Radiante).

A partir daquele dia, o velhinho passou a encontrar outros bambus brilhantes na floresta. Mas, ao invés de uma menina, eles continham moedas de ouro. Assim, a vida do casal melhorou e eles não precisavam mais produzir cestos para sobreviver. Eles creditaram o milagre à chegada de sua linda filha.

Kaguya Hime crescia muito rápido e a cada dia parecia mais bonita. Em apenas três meses, ela já tinha o tamanho de uma criança de oito anos. Ninguém poderia acreditar que uma pessoa tão bonita pertencesse a este mundo.

Logo os comentários sobre a beleza da Kaguya Hime se espalharam e vinham jovens de todos os cantos do país para conhecê-la. Todos queriam se casar com Kaguya, mas ela não queria se casar com ninguém. "Quero ficar ao lado de vocês dois", dizia a jovem para seus pais. Mas cinco jovens nobres, de posições importantes, foram mais persistentes. Eles acamparam em frente à casa de Kaguya Hime e pediam uma chance a ela.

Preocupado, o velhinho chamou Kaguya e disse: "Minha filha, eu gostaria muito de ter você sempre por perto, mas acho justo que se case. Escolha um dentre os cinco rapazes que estão acampados aqui". Assim, a linda jovem decidiu. "Eu me casarei com aquele que me trouxer o objeto mágico que pedirei"

Um colar feito com os olhos de um dragão, um vaso feito com pedras dos deuses que nunca se quebra, um manto de pele de animal forrado de ouro, um galho que faz crescer pedras preciosas, um leque que brilha como a luz do sol e uma concha que a andorinha põe junto com seus ovos. Estes foram os objetos que Kaguya Hime pediu.

O velhinho levou os pedidos de Kaguya aos pretendentes acampados. Ele sabia que seria muito difícil conseguirem obter tais objetos. Qual não foi sua surpresa quando, ao final de alguns meses, todos os pretendentes trouxeram os presentes para Kaguya. Mas, quando eles foram obrigados a entregá-los a jovem, todos admitiram que os presentes eram falsos, pois conseguir os verdadeiros era uma missão muito difícil. E assim, nenhum deles obteve êxito.

Quatro primaveras haviam se passado desde que Kaguya fora encontrada no broto de bambu. Mas ela ficava mais triste a cada dia. Noite após noite, Kaguya Hime olhava para a lua, suspirando. Preocupado, o velhinho um dia perguntou: "Por que está tão triste minha filha?". "Eu gostaria de ficar aqui para sempre, mas logo devo retornar", disse a jovem." "Retornar, mas para onde? O seu lugar é aqui conosco, nunca deixaremos você partir", disse o pai aflito." "Este não é o meu reino, eu sou uma princesa de Reino da Lua e, na próxima lua cheia, eles virão me buscar".

Muito assustados com a reveladora confissão de Kaguya Hime, os velhinhos decidiram pedir ajuda ao príncipe do reino onde viviam. O príncipe ajudou e enviou muitos guardas para vigiarem a casa do casal. Um verdadeiro exército foi formado.

No dia seguinte, a temida noite de lua cheia chegou. A casa estava tão vigiada que parecia impossível alguém conseguir levar Kaguya Hime. De repente, uma enorme luz surgiu no céu, como se milhares luas estivessem presentes ao mesmo tempo.

A luz era tão intensa que ninguém conseguiu enxergar a carruagem que descia, guiada por um grande cavalo alado e muitas pessoas bem vestidas. Depois de algum tempo, quando a luz diminuiu, a carruagem já estava voando, em direção à lua. Kaguya Hime não estava mais presente, ela fora junto com a comitiva.

Os velhinhos ficaram muito tristes, inconformados. Voltaram ao quarto de Kaguya e encontraram um potinho, presente da filha querida. Ela havia deixado um pó mágico, que garantiria a vida eterna para os dois.

Mas, sem sua filha amada, os velhinhos não queriam viver para sempre. Eles recolheram todos os pertences de Kaguya e levaram para o monte mais alto do Japão. Lá, queimaram tudo, junto com o pó mágico deixado pela jovem. Uma fumacinha branca subiu ao céu naquele dia.

A montanha era o Monte Fuji. Dizem que até hoje é possível ver a fumacinha subindo e subindo.

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MensagemEnviada: Ter Maio 06, 2008 10:14 am    Assunto: Responder com citação

O Agradecimento da Cegonha - (Tsuru-no-Ongaeshi)


Era uma vez um velhote e uma velhota que moravam numa vila.
Um dia, quando o velhote estava a passear, viu uma cegonha que estava com dores. Ela tinha caido numa armadilha. O velhote teve pena, e libertou-a. Ela ficou alegre, e voou pelo céu.

Em casa, disse à velhota que tinha salvo a cegonha. Ela elogiou-o e nessa altura, alguém bateu à porta, o velhote abriu-a e viu uma rapariga linda. Estava a nevar muito lá fora. Ela disse que se tinha perdido e perguntou se podia ficar lá em casa dos velhotes. Eles tiveram pena e aceitaram-na.

Mas, como no dia seguinte ainda estava a nevar, a rapariga ficou mais tempo, e ela trabalhou muito para os velhotes. Lavou roupa, limpou a casa e fez-lhes massagens. Passados 3 dias, a rapariga disse que queria ser filha deles. Eles ficaram muito alegres e aceitaram-na.

Ela trabalhava cada dia mais e mais e eles adoravam-na.
Um dia ela pediu ao velhote para ir à cidade e comprar uma agulha e uma linha. Ele comprou-as e entregou-lhas.

- Agora eu vou fazer uma coisa no quarto. Enquanto estiver lá, não
entrem e não olhem lá para dentro, de maneira nenhuma.
- disse a rapariga.

Durante 3 dias, os velhotes não entraram no quarto. Então, a rapariga apareceu, mas parecia muito cansada. Tinha um pano bonito na mão e pediu ao velhote para o vender. Ele foi à cidade, vendeu-o e ganhou muito dinheiro. Ficou muito alegre, comprou uma linha linda, uns presentes para a rapariga e para a velhota, e voltou para casa.

A rapariga fez um pano mais uma vez. Era ainda mais bonito que o anterior.

- Nunca vi uma coisa tão bonita! - disse o velhote.

Como ele o vendeu ao SHOUGUN, ganhou muito dinheiro e comprou muitos presentes para a família e linha linda para a rapariga.

Um dia, quando a rapariga estava no quarto, a velhota quis olhar para dentro. O velhote pediu-lhe para não olhar porque tinham prometido, mas ela abriu um pouco a porta e espreitou.

Lá dentro, estava uma cegonha. Estava a tirar as penas e estava a fazer um pano lindo. Como tinha tirado as penas, estava quase nua. A velhota ficou surpreendida e fechou a porta. Imediatamente, a rapariga apareceu do quarto.
Ela tinha um pano lindo e comprido.

- Que pena! Queria estar convosco para sempre, mas como já sabem o que
eu sou, não posso ficar aqui. Eu sou a cegonha que salvou naquele dia.
Muito obrigada por tudo. Tenho de sair agora. - disse ela.

Os velhotes choraram e quiseram fazê-la desistir de sair, mas ela transformou-se em cegonha e voou para o céu.

Depois, graças ao pano que a cegonha tinha deixado, os velhotes viveram felizes.
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MensagemEnviada: Qua Maio 07, 2008 10:58 am    Assunto: Responder com citação

Raposa Gon (GONGITSUNE)
Autor: Nankichi Niimi

Era uma vez uma raposa que morava sozinha numa floresta. Ela chamava-se Gon, era simpática, mas travessa. Todas as manhãs e todas as noites, ia à vila e fazia algumas travessuras.
Num Outono, depois de ter chovido durante alguns dias, ela foi ao rio. A água do rio tinha subido. Um homem que se chamava Heiju, estava a pescar enguias com uma rede. Isto era para a sua mãe que estava doente. A Gon não sabia isso e deixou fugir todos os peixes que ele tinha pescado.

Passaram 10 dias, e a Gon ouviu o tocar do sino para um funeral na vila. Ela foi à vila e viu o funeral da mãe do Heiju e, quando viu o Heiju tristonho, ela lembrou-se da sua mãe que já tinha morrido.

- Por causa de mim, o Heiju não pôde dar as enguias à mãe.

- arrependeu-se a Gon.

Então a Gon roubou uma sardinha a um peixeiro, e pô-la em casa do Heiju. No dia seguinte, apanhou umas castanhas e pô-las lá em casa.

O Heiju achava estranho que todos os dias aparecesse qualquer coisa lá em casa. Um amigo dele disse-lhe que era Deus que lhe dava prendas.

A Gon continuou a dar-lhas.

Um dia, quando a Gon entrou em casa, o Heiju encontrou-a. Como sabia que a raposa tinha deixado fugir os peixes, achou que ela tinha vindo para fazer travessuras.

-É a Gon, a raposa má. Vens para fazer mal uma vez mais!?

O Heiju não sabia que era a Gon que lhe tinha dado as prendas, e apontou a espingarda para ela.

- BANG!!

O som do tiro ecoou e o corpo da Gon voou.

Então, as castanhas que ela tinha em seu poder, dispersaram-se.

- Gon, então eras tu quem fazia isto!

O Heiju ficou surpreendido e abraçou-a. A Gon fechou os olhos e assentiu devagar com a cabeça no braço do Heiju.

O fumo azul ainda estava a fumegar da espingarda.....
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MensagemEnviada: Qui Maio 08, 2008 9:24 am    Assunto: Responder com citação

Compras das Luvas
Autor: Nankichi Niimi

No Japão há a crença que as raposas e os texugos enganam os humanos. Transformam-se em outras coisas ou outros animais e que também sabem magia para transformar coisas, especialmente folhas de árvore, em notas ou moedas. Há muitas histórias antigas relacionadas com raposas e texugos.

Era uma vez, uma mãe raposa e o seu filho que moravam numa floresta.
O Inverno já tinha chegado e fazia muito frio lá.
Uma manhã, quando o raposinho estava quase a sair da toca, de repente caiu gritando e voltou-se para a mãe tapando os olhos com as mãos.
"Mãe, ó minha mãe! Fui espetado os olhos! Foram picados! Está alguma coisa nos meus olhos! Tira! Tira!"
A mãe do raposinho ficou surpreendida e preocupada, tirou as mãos do filho dos olhos e olhou para eles. Mas, não encontrou nada.
Estranhou,saiu da toca e compreendeu o que é que tinha acontecido. Lá fora, havia tanta neve e tão branquinha! Estava a brilhar aos raios do sol. Como o filho não sabia o que era neve, pensou que os seus olhos tinha sido picados pelo brilho. Mas foi simplesmente a forte luz a reflectir na neve. A mãe explicou isto e o filho ficou aliviado. Começou a brincar com a neve. Esta era macia e semelhante ao algodão. Quando ele corria, os flocos de neve espalharam-se e apareceu um arco-íris.

A seguir, ele ouviu atrás um grande barulho "Bbzzz..." e de repente ele ficou coberto de tanta neve como se fosse farinha. Espantado, quase caíu mas fugiu para um lugar afastado. O que é isto? Virou-se para trás mas não encontrou nada. Não sabia que era a neve que tinha caído da árvore. A neve continuava a cair alí. Parecia uma linha de seda branca.

Voltou, então, o raposinho para a toca.
"Ó mãe, as minhas mãos estão frias, muito frias!" -disse o raposinho emostrou as suas mãos vermelhas e molhadas à mãe. Coitadinho! A mãe deu-lhes um sopro quente e cobriu-as ligeiramente com as suas mãos quentes."
Já te vais sentir bem. Depois de mexer na neve, as mãos ficam frias mas aquecem em pouco tempo. Não te preocupes!!" -dizendo isto, pensou que era melhor comprar umas luvas para o filho. Não queria que as mãos do filho tivessem frieiras e planeou ir às compras à cidade nessa noite.

A noite chegou e começou a cobrir o campo e a floresta, mas a neve estava tão branca que iluminava a floresta. A mãe e o filho sairam da toca mas ela estava com um bocadinho de receio. O filho escondeu-se debaixo da barriga da mãe e começaram a caminhar para a cidade. O filho estava com muita curiosidade porque era a primeira vez que saía da floresta.

Viram uma luz em frente ao longe.
"Ó mãe, está lá uma estrela!" - disse o raposinho.
"Não é uma estrela...."
A mãe parou com medo no caminho.
"É a luz da cidade."
Quando a viu, ela rembrou-se de uma má experiência. Há algum tempo atrás, ela tinha ido à cidade com uma amiga. Nesse dia, a amiga tentou roubar um pato de uma casa apesar dos pedidos da rapousa para que não o fizesse. Um homem descobriu-as e tentou apanhá-las, gritando. A mãe raposa teve muito medo e decidiu que nunca mais ia à cidade.
"Mãe....? Em que é que estás a pensar? Vamos alí agora!"
-disse o raposinho debaixo da barriga da mãe.
Mas ela não conseguiu avançar com o medo. Então, decidiu mandar o filho sozinho à cidade.
"Ó amor, dá-me a tua mão."-disse a mãe. Em seguida pegou numa mão do raposinho, e ela transformou-a numa mão humana de criança. O raposinho olhou estranhamente para ela, abriu-a, fechou-a e cheirou-a repetidas vezes.
"Ó mãe, é estranho. O que é isto?" e olhou outra vez para ela sob o brilho da neve.
"É uma mão de humano. Ouve, amor. Quando fores à cidade, vais encontrar muitas casas de humanos. Primeiro, procura a loja que tem uma placa com um desenho de chapéu. Bate a porta ligeiramente e diz a palavra de cumprimento
"Boa noite.".
Então, lá dentro está um humano que vai abrir um bocadinho a porta. Enfia a tua mão de humano no espaço da porta entreaberta e diz que queres umas luvas que fiquem bem na tua mão. Compreendeste? Não enfies a outra mão." -disse a mãe com a cara séria.
"Porquê, mãe?" - perguntou o filho.
"Porque os humanos não vão vender umas luvas quando eles souberem que o cliente é um raposo. Além disso, vão apanhar-te e por-te numa jaula. Os humanos são realmente muito perigosos e horríveis. " - disse a mãe.
"Ah é?"
"Nunca mostres a tua mão de rapouso. É esta, olha, é esta mão de humano que tens de mostrar!" - disse a mãe dando-lhe 2 moedas de cobre brancas para a mão humana.

O raposinho começou sozinho a caminhar na neve através do campo para a luz da cidade. Apareceu uma luz, depois duas...três...quatro.... e pouco a pouco a luz aumentou e por fim contou dez. O raposinho pensou que as luzes vermelhas, azuis e amarelas eram como as estrelas. Entrou na cidade, mas já era noite e todas as lojas já estavam fechadas. Só conseguia ver as luzes das janelas altas que reflectiam na neve.
O raposinho procurou a placa com o desenho de um chapéu e caminhou, caminhou, caminhou. Havia várias placas tal como de uma bicicleta e de óculos. Algumas eram novas e outras antigas. Ele não compreendeu o que significavam estas placas, pois era a primeira vez que ia à cidade.
Finalmente, encontrou uma placa com o desenho de um chapéu. Era uma placa com uma cartola preta e grande. Estava iluminada com uma luz azul.
O raposinho bateu levemente à porta como a sua mãe já lhe tinha ensinado.
"Boa noite."
Então lá dentro fez-se algum som e alguém abriu um bocadinho a porta. Uma linha de luz espalhou-se na terra, na neve branca.O raposinho ficou surpreendido porque esta luz era radiosa, e enganou-se na mão que devia mostrar. Enfiou a mão contrária na porta.
"Venda-me umas luvas que sejam próprias para esta mão."
O dono da chapelaria ficou surpreendido e duvidou. Era a mão
de um raposo. Um raposo estava a pedir-lhe para vender umas luvas? Estará
a tentar enganar-me? - pensou o dono.
"Primeiro, pague." - disse o dono. O raposinho deu 2 moedas de cobre.
Depois de as receber, o dono tocou nas moedas verificando o material e pensou que eram moedas verdadeiras. Tirou umas luvas pequenas de lã do armário e passou-as para a mão do raposinho. Dizendo obrigado, o raposinho retomou o caminho de volta.
"A mãe disse que os humanos eram perigosos e horríveis, mas não são. Ele viu a minha mão e não me fez mal nenhum." - pensou o raposinho. E, por curiosidade, quis ver como era "o humano" pois ele ainda não o tinha visto.

Passou perto de uma janela. Ouviu uma voz de humano. Que bonita, que simpática, que generosa é esta voz!
"Dorme, dorme, na minha mama, Dorme, dorme, nos meus braços...."
O raposinho acreditou que esta voz era de uma mãe humana porque a sua mãe também cantava para ele sempre que o adormecia....
Depois ouviu uma voz de criança.
"Ó mãe, acho que, esta noite com este frio, os raposinhos na floresta estão a chorar."
Então ouviu a voz da mãe:
"Os raposinhos na floresta também estão na toca a adormecer ouvindo a canção de mãe. Dorme, amor. Quem é que vai adormecer mais rápido? Tu ou o raposinho?"

De repente, o raposinho lembrou-se da sua mãe e correu para a sua casa o mais rapidamente possível. Tinha muitas saudades da minha mãe. Quero ver a minha mãe!

A mãe do raposinho estava à espera dele, preocupada, tremendo de frio. Quando viu que o seu filho se dirigia a ela, ficou muito alegre e deu-lhe um abraço muito apertado.
A mãe e o filho voltaram para a floresta. A lua já estava iluminando com a sua cor prateada.

"Ó mãe, não tenho medo nenhum dos humanos."
"Sim? Porquê?"
"Eu...enganei-me na mão que devia mostrar, mas o dono da capelaria não me prendeu. E deu-me estas luvas muito confortáveis."
Dizendo isto, bateu palmas com as luvas. A mãe ficou pasmada e falou para os seus botões.
"Afinal os humanos são simpáticos?! Os humanos são bons?!"
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Editado pela última vez por bergson em Dom Maio 11, 2008 11:19 am; num total de 1 vez
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MensagemEnviada: Sex Maio 09, 2008 2:16 pm    Assunto: Responder com citação

O Omusubi rolante

Um dia, um velho servo feudal foi às montanhas para cortar lenha. Era o meio-dia. O velho servo estava com fome e começou a comer os omusubi que ele havia carregado no bornal.

De repente, um dos omusubi caiu do bornal e rolou ladeira abaixo. Acabou entrando no buraco que existia na raiz de uma das árvores.

"Omusubi kororin sutonton... envie-nos mais omusubi!" Eram vozes que, surpreendentemente, o velho servo ouviu do interior do buraco.

"Estranho", pensou o velhinho, "muito estranho". Decidiu dar uma olhada no buraco; mas como o buraco estava completamente escuro, não pôde ver coisa alguma. Novamente pensou como tudo aquilo era estranho.

O velhinho resolveu deixar mais um omusubi cair no buraco para ver se aquela música viria de dentro novamente. Assustado, ouviu a mesma música: "Omusubi kororin sutonton... envie-nos mais omusubi!"

O velhinho riu até cair e disse, "Engraçado! É engraçado!!!", e pela terceira vez jogou mais um omusubi no buraco.

"Omusubi kororin sutonton... envie-nos mais omusubi!"

"Engraçado, engraçado!", dizia o velho servo, pulando de alegria como uma criança. Pensou consigo mesmo: "se eu pular no buraco, o que será que eles cantarão?" Logo em seguida o velhinho rolava para dentro do buraco.

"Ojiisan kororin sutonton... envie-nos mais velhinhos!"

Deus do céu! Nem acreditava no que via! O interior do buraco era um palácio, e o teto e paredes brilhavam magnificamente.

O velhinho estava atônito. Seus olhos estavam esbugalhados, e olhava para todos os lados.

E, para completar sua surpresa, havia coelhos — muitos, muitos! — dentro do buraco.

"Vovô, seja bem-vindo em casa", cumprimentavam o velho servo todos os coelhos do buraco.

Havia um coelho maior na frente de todos os outros coelhos. Ele disse, "Este é o País dos Coelhos. Por favor, fique à vontade e divirta-se".

Muitos coelhos trouxeram comidas deliciosas para o velho servo. E dançavam, e cantavam. Parecia que vivam em completa harmonia e gozo.

O velho servo começou a dançar e cantar com os coelhos. Estava se divertindo como nunca o fizera antes.

A noite estava despontando no horizonte e o velhinho disse aos coelhos, "Estou indo embora". O coelho maior trouxe alguns omusubi para ele. "Este é o omusubi do País dos Coelhos. É muito delicioso. Aceite este omusubi como um presente do nosso país".

O velho servo agradeceu-lhe, cumprimentou a todos os coelhos e voltou para casa. Ele nunca havia provado um omusubi tão gostoso como aquele.


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MensagemEnviada: Sáb Maio 10, 2008 7:26 am    Assunto: Responder com citação

As Bodas do Ratinho

Era uma vez um bebê da senhora Rato. Era uma ratinha que crescia rápido, e havia nascido em bom lar.

O tempo passava e a ratinha tornava-se cada vez mais bonita. Seus pais estavam muito felizes com ela e não conseguiam esconder a alegria que sentiam.

Um dia o senhor Rato disse, "Quero que minha filha ratinha fique noiva de algum pretendente. O noivo, entretanto, tem que ser o mais importante do mundo, e não qualquer um". Esta idéia não saía da cabeça do senhor Rato.

Depois de algum tempo, o senhor Rato decidiu conversar com o Sol. O senhor Rato chegara à conclusão de que o Sol era o mais importante no mundo. Estava aguardando impacientemente o momento de falar com o Astro-Rei.

"Rei Sol, ó rei, tenho uma bela ratinha, filha minha, em casa. Meu desejo, do fundo do coração, é que ela seja tua noiva e tu sejas seu marido. Considero-te o mais importante no mundo. Por favor, aceita minha filha como tua noiva e casa-te com ela", dizia o senhor Rato, reverenciando com respeito o Sol.

"Estou realmente grato", retrucou o Sol, "mas infelizmente tenho que recusar tua proposta. Não sou o mais importante no mundo. Há alguém mais forte do que eu".

Senhor Rato ficou surpreso com a afirmação. "De quem tu estás falando?"

"Esse que é mais forte do que eu é o senhor Nuvem", respondeu o Sol. "Mesmo que eu lance fortes raios sobre a terra, o senhor Nuvem os encobre toda vez que assim o deseja. Não posso fazer nada com ele. Ele é, com certeza, mais importante do que eu".

Assim que ouviu isso, o senhor Rato decidiu conversar com o senhor Nuvem. E foi atrás dele.

"Sei que tu és o mais importante no mundo. Por favor, casa com minha filha. Gostaria que ela fosse tua noiva", pedia mais uma vez o senhor Rato ao senhor Nuvem.

Novamente o senhor Rato recebeu uma resposta negativa. "Há um que é mais forte do que eu: é o senhor Vento", dizia com delicadeza o senhor Nuvem.

E mais uma vez lá foi o senhor Rato atrás do senhor Vento. Incansavelmente repetia:

"Tu és o mais importante no mundo. Por favor, casa-te com minha filha".

Como era de se esperar, o senhor Vento também recusou o convite. "Tu não estás certo. O senhor Parede é mais importante do que eu. Mesmo que eu sopre com toda força, incessantemente, o senhor Parede está lá, de pé, nada sofrendo. Não posso fazer nada com ele".

E assim continuava o senhor Rato, firme em seus pensamentos. Procurou o senhor Parede e fez-lhe o mesmo convite. Novamente houve recusa e o senhor Parede explicou ao senhor Rato:

"O rato é o mais importante no mundo. Não posso detê-lo quando ele decide roer minha parede e fazer buracos em mim".

Depois de tanto vagar em busca do mais importante noivo para sua filha, o senhor Rato teve de aceitar a idéia de ter um genro rato. Finalmente encontrou o noivo ideal para a ratinha e as bodas de casamento ocorreram. O casal de ratinhos viveu feliz para sempre.

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MensagemEnviada: Dom Maio 11, 2008 11:23 am    Assunto: Responder com citação

Urashima Tarou

Há muito tempo atrás, em uma aldeia distante, vivia um jovem pescador chamado Urashima Tarou... Vivia uma vida muito modesta, juntamente com sua mãe, já idosa.
Um dia, o mar estava muito alto e Urashima não podia sair em busca de seus peixes, então sentou-se numa pedra e começou a observar o mar... De repente viu 3 meninos batendo numa tartaruga com pedaços de pau... Parem já com isso seus moleques!!! - gritou Urashima Tarou - Os meninos vendo que Urashima estava nervoso, trataram logo de sair dali. Então ele pegou a tartaruga e levou-a ao mar para que a pobre tartaruguinha pudesse voltar ao seu habitat ...
No dia seguinte, Urashima voltou ao mar e mais uma vez a maré estava alta, impossibilitando sua pesca... Sentou-se na areia e viu a cabeça de uma enorme tartaruga mexendo sobre as ondas do mar... Ela veio ao seu encontro e lhe disse: Ontem você salvou a vida de uma princesa!!! Como agradecimento gostaria de levá-lo para conhecer o Palácio que existe no fundo do mar...Urashima Taro achou aquele convite maravilhoso e aceitou. Subiu nas costas da enorme tartaruga e mergulharam no fundo do mar...
Urashima estava encantado com toda a beleza que via ali!!! Olhava os peixinhos que seguiam como se estivessem fazendo uma escolta para os dois. Logo adiante, viu um lindo castelo feito de ouro e prata. Na frente estava uma princesa muito charmosa e bela, acompanhada por suas damas de honra e muitos peixinhos como anfitrião... Ela pegou na mão de Urashima e lhe disse: Ontem tive curiosidade de saber como era a vida na terra, então me transformei numa tartaruga e você me salvou!!! Seja Bem Vindo ao meu reino!!! Entre e vamos comer... Há um banquete a sua espera. Urashima comeu e bebeu do melhor, ouviu música, apreciou a dança... Sem se dar conta, esqueceu da sua vida na terra e de sua mãe, que havia ficado por lá.
Três anos se passaram... Um dia, Urashima notou uma sala que nunca havia entrado e perguntou a princesa o que havia lá... Ela então lhe disse: Daquela sala, você pode ver o mundo fora do mar. Venha comigo e vou lhe mostrar... Urashima entrou e viu sua aldeia...
A saudade de sua mãe começou a apertar, então ele disse a princesa: Preciso voltar para casa...
A princesa ficou triste, mas aceitou... Certo Urashima, você está no seu direito... Mas antes que vá, quero lhe entregar essa caixa... Se um dia, você estiver em dificuldades, abra essa caixa e ela te ajudará. Ele pegou a caixa, despediu-se de todos e montou na tartaruga que levou-o de volta a terra.
Chegando na aldeia, notou que tudo havia mudado... Os rios, as montanhas, as árvores, nada
estava como antes... nem mesmo sua casa ele encontrou. Começou a caminhar, perdido e confuso, até que encontrou um senhor de idade. Então lhe perguntou: Por favor, o senhor conhece a casa de um pescador chamado Urashima Tarou???
Urashima Tarou??? - respondeu o velho... Meu avô quando era jovem, ouviu dizer que havia um pescador de nome Urashima Tarou, mas ele resolveu ir até o Palácio do Mar e nunca mais voltou. Sua mãe, esperou por muitos anos o pobre filho, mas acabou morrendo... Isso aconteceu a trezentos anos atrás e tornou-se uma lenda dessa cidade.
Urashima assustado agradeceu e começou a caminhar... Percebeu que os 3 anos que passara
no Palácio, eqüivalia por 300 anos aqui na terra. Lembrou-se então da caixa que havia ganhado da princesa e como sentia-se em dificuldades, abriu a caixa... Uma enorme fumaça saiu e dentro dela havia apenas uma pena de garça e um espelho. Urashima olhou o espelho e para seu espanto estava velho. Logo em seguida, percebeu que seu rosto e seu corpo estavam se transformando e... Urashima virou uma garça!!!
Então levantou as asas e voou sobre o mar, ouvindo a voz da princesa dizer:As garças vivem mil anos e as tartarugas vivem dez mil anos!!! Boa Sorte e voe em busca da sua Felicidade!!!

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MensagemEnviada: Seg Maio 12, 2008 11:16 am    Assunto: Responder com citação

O Falso Monge

Numa das várias vilas antigas do Japão, morava uma velhinha que havia perdido, seu companheiro há pouco tempo, e a cada dia que passava a saudade batia mais forte, quando isso acontecia, ela rezava muito, às vezes quase o dia inteiro.
Num dia, alguém bateu à porta, quando ela atendeu, deparou-se com o suposto monge viajante que lhe pediu :
- Senhora, estou perdido por esses cantos, será que eu poderia passar esta noite aqui ?
A velhinha então pensou : “Puxa, se ele é monge, pelo menos poderá rezar direito, assim como manda o budismo”. Então ela aceitou a proposta, e logo que ele se acomodou, ela lhe serviu vários tipos de comida.
Logo após o homem ter se esbaldado com tanta comida, a velhinha lhe fez um pedido :
- Senhor monge, o senhor poderia rezar pela alma de meu marido que faleceu recentemente ?
Depois de ouvir a senhora, ele ficou um pouco perturbado. Na verdade o homem nem monge era, ele vestia trajes de monge e raspava a cabeça apenas para dormir de graça nas casas das pessoas. Assim o homem pensou : “Como eu vou sair dessa ?”
Sem saber direito como proceder, ele ficou olhando para toda a casa, até que viu um buraco com um pequeno ratinho. Então o homem pensou em falar frases baseando-se nos movimentos do ratinho.
Em pouco tempo estava tudo preparado, e a velhinha sentado no oratório disse em voz alta :
- Meu marido, esse monge que veio aqui hoje, vai rezar por sua alma, graças ao grande Buda !
O monge, que já estava sem jeito, resolveu não recusar a proposta e gaguejando, criou coragem e disse olhando para o ratinho :
- Devagar, devagar ele vem chegando ...
Ele falava com tal afirmação que parecia estar rezando de verdade. E como a velhinha estava muito concentrada continuou :
- Devagar e devagar ele está espiando ...
- Devagar e devagar ele parece estar cochichando ...
As frases nem de longe pareciam reza, mas a velhinha estava crente na identidade do monge, que percebendo continuou :
- Devagar e devagar ele vai espiando ... E depois cochichando ...
- Agora ele está saindo ... Agora saiu ...
No dia seguinte a velhinha agradeceu o falsário, que saiu sem falar nada e logo depois de ter andado um pouco, começou a rir por ter pregado mais uma peça. A velhinha no entanto começou a rezar da forma que havia aprendido.
Num certo dia, um ladrão entrou na casa da velha senhora e, quando estava entrando para escolher o que roubar, ele ouviu :
- Devagar, devagar ele está chegando ...
Por um momento o ladrão ficou assustado. Não havia ninguém naquele cômodo. Como seria possível ? Ele então continuou a escolher os objetos :
- Devagar e devagar ele está espiando ...
O ladrão, incomodado, falou com si próprio :
- Será que a pessoa que mora aqui consegue enxergar no escuro ?
De repente ele ouviu :
- Ele está cochichando ...
O ladrão assustado, começa a dar meia volta para sair... E de surpresa ouve :
- Devagar ele está saindo ...
O ladrão foi embora correndo !
A velhinha, no entanto, estava tão entretida pela reza que nem percebeu o barulho na casa ...

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MensagemEnviada: Ter Maio 13, 2008 6:42 am    Assunto: Responder com citação

Gonbeesan

Esta é uma história bem antiga. Em uma pequena vila havia um servo velho de nome Gonbeesan. Perto de sua casinha havia um lago, desses meio pantanosos, onde ele costumava observar a chegada de vários patos-selvagens que vinham do norte, durante o outono.

Um dia, o velho servo decidiu pegar alguns patos-selvagens, já que não estava trabalhando com o arado. Desde aquele dia, começou a colocar armadilhas em alguns pontos do lago e conseguia pegar um pato a cada manhã.

Logo um pensamento veio-lhe à cabeça:

"Pego um pato todos os dias, e somente um. Isso é chato! Quero pegar cem patos! Isso: cem deles! Aí então poderei descansar os outros noventa e nove dias. Muito bem, é isso que farei!"

Gonbeesan trabalhou sem parar fazendo suas armadilhas a fim de realizar seu plano. Até que finalmente conseguiu montar cem armadilhas. Poderia, com elas, aprisionar um pato-selvagem em cada uma. Arranjou todas as armadilhas em fileira, fez laços apertados e esperou pela chegada dos patos.

A madrugada chegou rapidamente. Centenas de patos-selvagens estavam chegando ao lago, e, um a um, acabaram sendo presos pelas armadilhas. Gonbeesan estava radiante de alegria, e começou logo a contar os patos que tinha aprisionado. Pôde contar noventa e nove, todos eles imóveis, presos às armadilhas.

— Muito bem, muito bem... somente mais um e terei cem deles!, falou sozinho o velho, que ficou esperando pelo último pato-selvagem.

O pato esperado, entretanto, não chegou. Os outros patos já estavam resmungando por causa dos laços das armadilhas, e a aurora já despontava no horizonte.

Com os primeiros raios de sol, de repente todos os patos começaram a voar ao mesmo tempo. Noventa e nove patos voando, todos presos à mesma corda! Faziam um esforço enorme para levantar vôo, e, sem saber como, Gonbeesan caiu em uma das armadilhas e foi levado ao céu junto com os outros patos.

Os patos estavam voando para o sul. Gonbeesan era o último da fila, preso pelo pé, e estava com medo de cair; os patos voavam para o alto e mais para o alto, sobre as nuvens e sobre os montes. Olhou para baixo e viu que as casas estavam ficando cada vez menores. Então começou a gritar, "Socorro! Alguém me ajude! Quero descer!"

Os patos, por outro lado, pareciam não escutar o que ele dizia e continuavam a subir.

De repente, a corda que estava prendendo o pé de Gonbeesan rompeu-se. Ele estava caindo nuvens abaixo, em direção às verdes pastagens lá embaixo.

Mas... meu Deus! seu corpo estava ficando menor e cada vez menor! Surgiram asas no lugar de seus braços e um bico no lugar de sua boca! Gonbeesan havia se tornado um pato-selvagem! Agora ele podia voar com os outros, e foi o que fez.

Estava mais do que surpreso com tal mudança. Depois de voar algum tempo, sentiu fome e teve vontade de descer para comer algo. Como os outros patos, Gonbeesan procurava um lugar para pousar e procurar comida. Viu, finalmente, um lago pantanoso e decidiu dar uma esticada até lá.

Havia muitos peixes nadando logo abaixo a superfície da água. Agora ele podia matar a sede e comer alguns peixinhos.

Alguma coisa, porém, estava segurando seus pés. Voltou-se rapidamente para baixo e viu que estava preso em uma armadilha! A armadilha era semelhante àquelas que ele fazia antes. Não podia mover as pernas. Estava preso!

Uma tristeza profunda invadiu sua alma e pensou, "fui muito mau quando fiz aquilo com os patos-selvagens. Agora entendo como fui mau com eles!" Lágrimas começaram a escorrer pela face até o bico.

Algumas lágrimas desceram até a corda que estava prendendo seu pé, molhando-a. Curiosamente, a corda se soltou e seu corpo cresceu novamente. Agora ele era, milagrosamente, Gonbeesan, o velho servo feudal!

Desde esse dia Gonbeesan decidiu parar de aprisionar os patos-selvagens e prometeu ser um homem de boas-ações para o resto de sua vida.

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MensagemEnviada: Qua Maio 14, 2008 6:12 am    Assunto: Responder com citação

O Lobo e o Pastor

Havia um pequeno pastor de rebanhos que vivia em uma vila perto de Hondo. Toda manhã ele tinha a obrigação de levar o rebanho de ovelhas para uma campina próxima à vila. Esta tarefa tinha que ser feita somente por ele, sem a ajuda de ninguém.

Um dia, já cansado de ficar sozinho e achando que seu trabalho era deveras chato, decidiu fazer algo diferente. Começou a gritar:

— Socorro, socorro! Tem um lobo aqui! Socorro!!!

Muitos homens que estavam trabalhando na vila escutaram seus gritos e foram à campina. Procuraram pelo lobo em todos os lugares ao redor, mas nem um sinal sequer do bicho foi visto.

Depois de procurar bastante, os homens voltaram à vila, com um pressentimento de que haviam sido ludibriados.

Enquanto os homens procuravam pelo lobo, o pastorzinho havia se escondido atrás de uma árvore grande.

Como não havia lobo a ser encontrado, o pastorzinho riu-se da situação:

— Isso é algo realmente engraçado!, e batia palmas, pulando de alegria.

Quatro dias se passaram e mais uma vez os homens da vila ouviram os gritos do pastorzinho.

— Socorro, socorro! Tem um lobo aqui! Socorro!!!

O menino gritava desesperadamente, e os homens correram para a campina. E, mais uma vez, passaram a tarde procurando o lobo, sem encontrarem um vestígio sequer. Finalmente entenderam que o menino estava pregando uma peça e decidiram não dar ouvidos aos seus gritos de socorro da próxima vez.

No dia seguinte o menino levou o rebanho para a campina. Mas, oh! agora era um lobo de verdade que estava vindo! Era enorme e parecia faminto.

O menino começou a gritar, a todo pulmão:

— Socorro! O lobo de verdade está aqui! Acreditem! Socorro!!!

O menino não sabia o quê fazer.

Os homens da vila, entretanto, diziam entre si, "desta vez ele não vai pregar suas peças na gente de novo. Aquele danado... ninguém vai até lá!"

E o lobo estava lá. Mas ninguém foi ajudar o menino.

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MensagemEnviada: Qui Maio 15, 2008 7:54 am    Assunto: Responder com citação

Kaguyahime

Durante a dinastia Heian, há muito tempo, havia um velho servo feudal que tinha o apelido de "O velho cortador de lenha".

Um dia, como de costume, o velho foi às montanhas para cortar lenha. Pensou consigo mesmo:

— Hoje acharei uma madeira diferente para cortar.

Começou a olhar ao redor.

De repente, seus olhos pararam em frente a um broto de bambu que estava brilhando como ouro. Tomou o machado e cortou o broto de bambu. Surpreso, viu uma pequenina garota dentro da madeira.

O homem colocou a menina nas mãos e observava-a, atônito. "Deus seja louvado! Esta menina é certamente um presente de Deus para nós! Não temos filhos, e ela é muito bonita. Vou mostrá-la para minha esposa. Ela ficará feliz!"

O velho voltou para casa e mostrou a menina para sua senhora. "Puxa! Como é linda!", falava sem parar a esposa do velhinho, que não conseguia esconder a alegria.

Como a menina era realmente muito pequena, o velhinho e sua esposa resolveram colocá-la em uma caixa e dar-lhe toda atenção do mundo.

Depois que ele encontrou a menina no broto de bambu, todas as vezes em que cortava lenha achava algum artigo de ouro dentro da madeira. Estava ficando rico.

E a menina crescia rapidamente. Depois de três meses, alcançou o tamanho de um adulto normal. Era realmente muito bonita, tinha um rosto delicado e olhos que brilhavam como o metal polido. A casa ficou repleta da sua alegria.

O velho e sua esposa disseram:

— Serás chamada de Kaguyahime.

Os vizinhos da aldeia vieram para vê-la, e diziam:

— Como é linda! Prazer em conhecê-la, Kaguyahime!

— E também é muito inteligente, e simpática!

Os elogios continuaram por muito tempo, e todo mundo queria ver Kaguyahime. Todos queriam vê-la e um amontoado de gente ficou esperando na porta da casa do velho cortador de lenha.

Kaguyahime, entretanto, disse ao velho:

— Vovô, eu não sou essa pessoa que vocês estão falando... por favor, gostaria de ficar sozinha, aqui em casa, sem ver esse povo todo...

Mas já era tarde: embora Kaguyahime não quisesse ver ninguém, o daimyo da província ficou sabendo das notícias e queria ver a garota. "Quero vê-la e descobrir se é realmente tão bela quanto falam", pensou consigo mesmo. E o daimyo deu a Kaguyahime um presente. Nem por isso Kaguyahime aceitou o convite do daimyo em visitá-lo no palácio.

Três anos haviam passado desde aquele dia em que o velho achou Kaguyahime no broto de bambu.

Nesse ano a primavera veio mais cedo. Kaguyahime olhava para a lua com um rosto aborrecido. Parecia estar profundamente triste.

O velho e sua esposa perguntaram-lhe um dia, "Estamos preocupados com você. Há algo errado? Por que esta feição tão aborrecida?" Kaguyahime apenas dizia, "Estou bem".

Coisas estranhas começaram a acontecer. Quando a lua cheia aparecia no céu, Kaguyahime cantava uma canção extremamente fúnebre. Acotovelava-se na janela e ficava lá horas a fio, olhando para a lua.

— Não sou deste mundo, disse Kaguyahime aos velhinhos, sou habitante do Reino da Lua. Nunca disse isto para ninguém antes. Hoje, porém, eles virão me buscar. Eles vêm da lua. É por isso que estava chorando e cantando. Devo dizer adeus hoje...

O velho cortador de lenha e sua esposa ficaram abalados com as palavras de Kaguyahime. Depois viram-na balbuciando palavras indecifráveis para o céu, certamente alguma oração ou algo parecido.

O velho correu para o palácio do daimyo e implorou ajuda. Depois de algumas palavras, o daimyo ordenou a alguns de seus fiéis samurai para protegerem Kaguyahime, acampando-se ao redor da casa.

A lua cheia aparecia novamente. A casa estava totalmente cercada. Os samurai carregavam espadas, arcos e flechas, e não havia um milímetro sequer da casa que não estivesse sendo vigiado.

Dentro da casa, o velho e sua esposa davam consolo a Kaguyahime, afagando sua cabeça e falando coisas agradáveis.

De repente, começaram a ouvir uma música suave. Criaturas semelhantes a anjos começaram a vir do céu, dentro de uma carruagem dourada.

Os soldados tentaram armar seus arcos, mas sua força física tinha ido embora, e não conseguiam abrir os olhos.

Enquanto a confusão estava armada do lado de fora, no interior da casa os velhinhos abraçavam Kaguyahime e cumprimentavam as criaturas semelhantes a anjos.

"Obrigado pela educação que vocês me deram nestes anos todos", disse Kaguyahime para os velhinhos, depois de notar que já não havia muito a ser feito, "e saibam que nunca esquecerei tudo o que vocês fizeram por mim. Todas as vezes que vocês olharem para a lua cheia, por favor lembrem-se de mim..."

Kaguyahime vestiu os finos trajes que as criaturas semelhantes a anjos haviam trazido para ela. Kaguyahime chorava muito.

Sem fazer um ruído sequer, a carruagem e as criaturas levaram Kaguyahime embora. Desapareceram no céu para sempre.

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MensagemEnviada: Sex Maio 16, 2008 8:29 am    Assunto: Responder com citação

O Dragão e a Deusa


Era uma vez dragão horrível. Tinha uma boca enorme que vomitava fogo, e sua longa cauda verde-esmeralda era dura e reluzente. Morava numa caverna e era louco pela carne tenra e doce das crianças. Quando chegava a primavera, saía do seu antro tenebroso e atapetado de algas e ia até as praias do Japão, onde crianças de todas as idades brincavam na areia e mergulhavam alegremente nas águas azuis.
O monstro ficava de tocaia e assim que uma criança se afastava um pouco da mãe e avançava mar adentro, ele pulava de seu esconderijo e com um uivo gelado a engolia de uma só vez. Quantas famílias choraram a perda de seus filhos por causa desse monstro cruel!
De seu castelo celeste, lá no alto, Benten, a deusa da felicidade, observa essas cenas com o coração despedaçado. Ela se compadecia das pequenas vítimas e de seus pais, mas também tinha pena do monstro.
- Quem sabe - dizia a si mesma - essa sua crueldade se deva à solidão à qual está condenado.
Evitado e temido por todos, foi obrigado a viver num horrível refúgio submarino, sem ao menos um raio de sol para acariciá-lo. Como podia ser bondoso se nunca conhecera a bondade ? Sentia-se odiado por todos e odiava a todos. E assim Benten decidiu fazer alguma coisa por aquele ser esquecido pelos deuses e desprezado pelos homens.
Um dia, ela subiu numa nuvenzinha que mais parecia um cisne, e, servindo-se dela como carruagem, atravessou a imensidão do céu e foi até a gruta do dragão. Desceu quase tocando a superfície da água e pôs-se a chamar o monstro com uma voz doce e melodiosa. Eis que o mar começou agitar como se estivesse em ebulição. As águas se separaram, e o dragão saiu de sua caverna, a qual era sustentada por uma ilha.
A deusa sorriu e aquele sorriso acalmou a água, que novamente ficou toda azul. Uma infinidade de flores coloridas e perfumadas desabrochou na ilha, e Benten deixou-se cair, leve como uma borboleta sobre aquela terra maravilhosa.
O dragão, imóvel e aturdido, observava todas aquelas maravilhas até então desconhecidas. A deusa aproximou-se e, sempre sorrindo, disse-lhe:
- Por que você não se casa comigo ? Assim nunca mais vai ficar sozinho. Vou amá-lo muito e viveremos num paraíso. Teremos lindas crianças e você será muito feliz.
O monstro concordou, balançou a sua enorme cabeça, e duas lágrimas reluzentes caíram de seus olhos.
Daquele dia em diante, as crianças puderam brincar nas praias tranqüilamente, e ninguém mais teve medo dos ataques do monstro.

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MensagemEnviada: Sáb Maio 17, 2008 12:49 am    Assunto: Responder com citação

O vendedor de peras

Era uma vez um vendedor de peras que viajava pelos caminhos da velha China. Tinha um carrinho-de-mão onde costumava colocar peras, que vendia por preços altos. Suas peras eram realmente saborosas e muito gostosas.

Um dia, o vendedor foi a uma vila. As pessoas ajuntavam-se ao redor do seu carrinho, a fim de comprar as peras. Entretanto, como os preços eram muito altos, ninguém estava comprando as frutas.

— Ei, vendedor, você não pode vender as peras com um preço mais baixo? Não posso comprá-las deste jeito.

— Vamos lá, vendedor. As peras estão muito caras. Não podemos comprá-las. Se você não abaixar o preço, as peras vão apodrecer!

— Não tem problema. O preço é este, e não vou vender uma pera sequer com preço mais barato, dizia o vendedor.

Um velho monge budista estava passando em frente ao carrinho-de-mão do vendedor. Pediu ao vendedor uma pera porque estava morrendo de sede e queria saciá-la.

— Por favor, dá-me uma pera. Não possuo uma moeda sequer, mas gostaria de molhar minha garganta e matar a sede.

— Tu deves estar louco, monge! Tu realmente achas que eu vou dar uma de minhas peras, de graça, depois de ter viajado quilômetros com este carrinho?

— Preciso de uma pera somente. Tu tens um monte delas no carrinho. Não vai causar-te nenhum prejuízo, vai?

— Que conversa fiada! Chega desta história! Tu estás pedindo à toa, porque não vou dar nenhuma de minhas peras. E, além do mais, estás bloqueando o caminho. Vai, monge, vai embora, vai embora, desaparece!!!

Agora as pessoas da vila já estavam ao redor do monge e do vendedor. A confusão estava armada, e o dono de uma loja, que estava dormindo, acordou com a baderna.

— Mas o que é que está havendo aqui? Ei, monge, tu queres uma pera? Pega, leva a pera, porque pago para ti. Agora, por favor, voltem ao trabalho e deixem-me dormir!!!

O monge pegou a pera e agradeceu ao dono da loja,

— Agora, disse o monge, vocês chineses verão como todo homem na face da terra tem o direito de comer uma fruta gratuitamente, não precisando depender de vendedores gananciosos. Sigam-me e observem.

O monge caminhou em direção a uma região desértica, vizinha à vila. O vendedor colocou seu carrinho de lado e também seguiu o monge e a multidão.

O monge e todos os habitantes finalmente chegaram no local desértico. O monge comeu a pera e segurou as sementes na palma-da-mão. Mostrou as sementes para os habitantes da vila e disse:

— Vocês verão uma pereira crescer aqui neste solo seco e serão capazes de comer peras, satisfazendo sua fome e sede, sem pagar nada!

O monge, então, ajoelhou-se no solo, fez um buraco na terra ressequida e colocou as sementes nele.

Depois de alguns segundos, as sementes começaram a germinar e plântulas da pereira saíam do chão. Uma pereira rapidamente cresceu, bem em frente da multidão assustada.

Curiosamente, a árvore continuou a crescer e flores apareceram. Centenas de flores começaram a se desenvolver e algumas já estavam frutificando. Depois de alguns minutos, todas as flores frutificaram e a árvore estava cheia de peras. Em cada galho pendiam saborosas e grandes peras, e mais uma vez o monge falou à multidão:

— Agora vocês podem comer peras sem pagar nada. São nossas peras. Vão agora e peguem quantas peras conseguirem carregar. Não fiquem com vergonha.

Ouvindo isso, todo mundo começou a subir na árvore e pegar as peras. O vendedor também estava lá. Conseguiu pegar somente algumas peras porque os garotos eram mais ágeis do que ele nos galhos.

— Que coisa estranha! O monge parece ser mágico... Não consigo entender!, dizia o vendedor, falando sozinho.

Depois de pegar suas poucas peras, o vendedor voltou ao lugar onde tinha guardado o carrinho. Mas, ei! estava completamente vazio! Nenhuma pera nele! Começou a gritar, furiosamente, "Maldito monge! Foi ele quem fez tudo isso! Não admito pessoas levando vantagem sobre mim! Mas ele vai pagar pelo que fez!" E resolveu voltar para a região desértica novamente, para a pereira.

Mas lá, no deserto, não havia pé-de-pera, não havia multidão, não havia monge. O vendedor estava sozinho, em meio a uma terra onde só o vento seco soprava...

Clássicos que fazem parte da cultura e da imaginação japonesa - http://br.geocities.com/japao_anime/lendas.html
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