FÓRUM do Atelier do Bonsai - Mário A G Leal

[nickyfury]

Feriadão de carnaval, os pulos dados foram no sentido de formar um bonsai estilo bosque, com algumas serissas disponíveis em meu viveiro. O trabalho teve auxilio prestimoso do amigo Wagner Arnaut, que forneceu o vaso, adquirido em sua ultima viagem aos States:



O vaso é oval, medindo 30cmx22cmx4cm, de ceramica dura e pesada, esmaltado por fora, ótimo para o trabalho proposto:







Na distribuição de tarefas, coube ao Wagner o preparo da mistura ideal de substrato para esse tipo de trabalho: musgo esfagno e substrato argiloso/drenante, composto por pedrisco, caco ceramico, terra de cupinzeiro e bioplant. Fiquei com a tarefa "mais árdua", colocar as telinhas nos orificios de drenagem e os arames de amarração:







Nesse tipo de trabalho, inicialmente escolhe-se as mudas a serem utilizadas, fazendo uma seleção entre algumas mais altas e outras médias, finalizando com duas menores. Com a colocação e correta distribuição, teremos uma simetria triangular inicial, parametro de correção futura, vez que com a densificação da massa foliar, poderemos concluir melhor a triangulação correta das plantas.

O passo seguinte é reduzir o volume de raizes das plantas, cortando-se o excesso, deixando apenas um minimo de capilares, bem como "limpar" com uma poda de correção, a parte aerea, estabelecendo um bom espaço para fixação das plantas no vaso. O vaso é então "dividido em quatro quadrantes, com duas linhas desenhadas no fundo, de maneira a termos uma visão adequada sobre como dispor o material dentro desse espaço.

A correta disposição das plantas deve seguir, desde o inicio, a esse parametro de divisão por quadrantes, para não resultar num trabalho "solto", sem estética visual ou fora de uma ordem previamente estabelecida. Dessa forma, ao concluirmos o trabalho, teremos uma boa distribuição das arvores dentro do reduzido espaço do reciente, sem que seus troncos, considerando apenas o tachiagari, fiquem entrecuzados ou se sobrepondo. É preciso que visualizemos a distribuição, ao final do trabalho, com cada tronco ocupando determinado ponto dentro do recipiente, de forma a obter com isso a precisão técnica correta, bem como uma linha com profundidade visual, bem como espaços livres.

Eis, então, o resultado do nosso trabalho em parceria, finalizado com 11 "arvores":













O bonsaista Wagner mostra, a seu lado, o trabalho finalizado, para que os demais colegas possam destacar a proporcionalidade:



Concluído, o bosque foi para um local protegido da ação do clima, a salvo de chuvas e ventos fortes, onde irá receber apenas rega diária. Dentro de dois meses o substrato e as raízes estarão estabilizados, permitindo então que o bosque possa ser disposto em local onde receba luz e calor solar o dia inteiro, bem como suportar bem as ações climáticas adversas.

Dentro de tres a quatro meses, receberá a primeira carga de adubação, que visa principalmente aprimorar a densificação, aumento a massa verde, mas ainda cuidando de manter a estrutura atual, sem acrescentar novos galhos, apenas densificando os atuais. Daí em diante, o trabalho irá ser apenas de podas de conservação, realizadas a cada 15 dias, para que as plantas não "percam" a forma. A serissa tem um crescimento acelerado, mesmo quando cultivada em espaço restrito.

O trabalho de bosque bonsai, dentro de um ano, estará bem constituido. Como especifiquei para o amigo Wagner, a partir desse ponto deverá ser cuidado como se se tratasse de uma única arvore, e não de várias. O tipo de manutenção e intervenção a ser realizado, como podas, aramação, reenvase, visa justamente cuidar do todo, como se fosse uma única planta, o que certamente implica numa série de cuidados, particularmente com a redução do volume das raízes, afim de que a estabilidade do conjunto possa ser preservada.
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que a compreensão liberte a energia criativa que existe em nós.


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[Roberto Fávaro]

Adoro este fórum. Vejo obras que me inspiram de verdade. É o caso deste bosque. Muito bonito. Imagino daqui um tempo como vai ficar. Não deixe de postar a evolução.

Parabéns aos bonsaístas.
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ROBERTO FÁVARO

"Bonsai é uma das mais belas obras abertas, assim como as canções e o proferir das palavras."

[André Luiz Santos]

Fiquei com a tarefa "mais árdua", colocar as telinhas nos orificios de drenagem e os arames de amarração:
kkkk...koé Nick! toma vergonha!
Parabéns a dupla!!!
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“A impaciência pode levar a morte à Única Arte Viva do Planeta”

[Tiago R]

Quando isso ficar denso vai ficar maneiro demais!

[LEAO]

Beleza, Nicky
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[Angela Fernandes]

Alô !!!!
Beleza de bosque, gostei muito e quando as plantas florescerem então !!!!
Nicky, gostaria de saber o motivo pelo qual vocês trabalharam com o substrato bem molhado. Por acaso é para melhor fixar as plantas ?
Agora estamos com o projeto de fazermos florestas pequenas em lascas cerâmicas (com bordas) orgânicas, Sami já fez 2 modelos e acho que vai ficar legal...
Estou falando muito.....
Parabéns pelas explicações....
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Inté querendo aprender bonsai sempre !!!
SOU DO BEM !!!!!!!!!
PRATICO BONSAI !!!!!!!!
Angela Fernandes

[nickyfury]

Agradeço encarecidamente pelos elogios dos colegas e amigos ao nosso trabalho, uma singela e simples composição, onde juntamos algumas serissas e realizamos algo que me dá muito prazer formar: um bosque bonsai. Esse é um dos estilos preferidos, que gosto muito de praticar sempre que possível.

Angela, é sempre oportuno termos à mão material como esse que o Sami está desenvolvendo. Apesar de que eu prefiro usar material natural, como bases e lascas de rocha, as vezes usar vasos fica mais fácil de compor, além de resultar num trabalho mais técnico e primoroso. Em relação ao substrato estar molhado, há duas opções: numa, usamos fazer bolotas argilosas, como explana Masahiko Kimura em um artigo sobre esse tipo de trabalho, em que ele usa material semelhante ao que usei, misturando substrato e musgo esfagno, mas evitando deixar que as bolotas fiquem encharcadas.

A outra opção é a que eu prefiro usar, um material bem molhado, que possibilita uma boa distribuição de substrato por baixo das raizes e por cima delas, penetrando melhor entre elas inclusive. A vantagem das bolotas do Kimura, por outro lado, possibilita uma fixação imediata. É um tipo de material a ser usado quando o cultivador está sozinho, sem amigos auxiliando na composição, a meu ver, ou então, a critério de cada um. Venho usando essa massa há alguns anos e tenho tido um bom resultado com ela, por isso prefiro.

E por gentileza: não deixe de postar em nosso forum o trabalho de voces com essas lascas ceramicas do Sami, quando fizerem florestas e bosques. É sempre ótimo vermos esse tipo de trabalho.
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[Angela Fernandes]

Amigo Nicky !!!!
Obrigada pela resposta, já imprimi para levar pro sítio.
Da próxima vez vou experimentar sua técnica.
Obrigada, sempre muito obrigada pelas dicas para melhorarmos cada vez mais.
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Inté querendo aprender bonsai sempre !!!
SOU DO BEM !!!!!!!!!
PRATICO BONSAI !!!!!!!!
Angela Fernandes

[nickyfury]

Angela, não há o que agradecer. Certamente as informações que ora presto são de conhecimento de todos. Apenas uma pequena lembrança, para que outros, que ainda desconheçam ou não sabem diferenciar a técnica, possam por sua vez assimilar.
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[Ricardo Paiva]

Nickyfury, além do resultado do trabalho até aqui ter sido satisfatório, o prazer de dividir com um amigo um momento destes é impagável.
Sobre a fixação das árvores e o substrato molhado, realmente existem várias técnicas e cada bonsaís deve encontrar a que melhor se adapta ao seu estilo de trabalho.
Já vi trabalhos em que a base recebeu ou muitos furos para passar arames de fixação, ou foram "colados" estes arames com pequenas bolinhas de massa plástica (muito útil em lajes/lascas de pedra), as famosas "bolinhas", uma trama de finas varetas de bambu na base do vaso ...
Obrigado Nickyfury por compartilhar este trabalho conosco. Quando adensar ... vai ficar incrível.
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Abraços

Ricardo Paiva
http://ricardopaiva.wordpress.com/

“Não tente fazer a sua árvore parecer um bonsai, faça com que o seu bonsai pareça uma árvore.“ - John Yoshio Naka

[nickyfury]

Ricardo, a propósito da fixação do arame em lajes de pedra, outro recurso é usar chumbada, dessas próprias para pescaria, redondas e pequenas. Passando o arame fino pelo orificio da "pelota" de chumbo, após ter furado a laje apenas até certa profundidade rasa, aplica-se a "pelota" rebatendo-a com martelo, levemente, até ela achartar bem, fixando o arame então.

Na minha humilde opinião, como vc bem frisou, há inumeras possibilidades de trabalho, seja quanto ao preparo do substrato quanto em relação à fixação. O uso de paletes de madeira, ou de bambu, proporcionado graças a uma "grade" pré montada, é de grade valia. Eu inclusive utilizei esse recurso em um bosque de acer kaede que fiz há uns quatro anos. Sustenta bem, mantendo as plantas posicionadas. Com a vantagem adicional de que o material irá se decompor gradativamente, sem nenhum prejuízo para as plantas.
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[Brigoni]

Prezado Nickyfury, parabéns pelo maravilhoso trabalho!!! Tópicos como esse enriquecem o fórum... Tua demonstraçāo "passo a passo" motiva a aventurar-me em novos projetos. Irei acompanhar ansioso pelas atualizaçōes.
Dúvida: o número de árvores utilizadas segue algum padrāo (regra)? Ou sāo parte livre do desejo do autor?
Abraço e novamente Parabéns

[Ricardo Paiva]

Mais uma ótima dica. Obrigado Nickyfury.
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Abraços

Ricardo Paiva
http://ricardopaiva.wordpress.com/

“Não tente fazer a sua árvore parecer um bonsai, faça com que o seu bonsai pareça uma árvore.“ - John Yoshio Naka

[nickyfury]

Brigoni, os orientais são um povo rico em cultura, mas em compensação, são ricos em superstições tambem.

Uma delas diz respeito ao grupo formado por quatro arvores. Quatro, no idioma japones/chines é Shi, que significa, tambem, morte!!!

Por isso, eles evitam formar grupos com esse numero. Mas há outras superstições, igualmente interessantes, que inibem a formação com grupos de plantas em numeros pares. Eles têm uma predileção especial pelo numero tres, sete, nove, onze, etc. Considerando isso, é que vemos muitas vezes bosques que têm numeros impares de arvores.

Como adotamos muitos parametros, técnicas e estilos de trabalho e formação estrutural dentro das "regras" japonesas de fazer bonsai, acabamos por seguir mais essa tambem, as vezes sem nem saber a verdadeira razão.

Sobre o numero quatro, os japoneses adotam dois nomes para designar o numeral: shi e yon. Claro que a maioria prefere usar yon.

Muitos de nós, ocidentais, tambem preterimos certas combinações numéricas, como o treze, que alguns alegam trazer azar(!), certamente não veremos, por causa disso, alguma floresta bonsai com tal numero de arvores.

Ou, quem sabe, o numero biblico da besta: 666. Há tantos outros. Os arabes consideram os quatro quatros como um numero mágico: 4444. Dizem que com eles é possível obter-se qualquer outro numero, de 0 a 9, ou até mais.



A propósito do numero treze, vejam só:

Triscaidecafobia é um medo irracional e incomum do número 13. O medo específico da sexta-feira 13 (fobia) é chamado de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia.

Em contrapartida a numero tão azarado, temos o sete, para compensar:





O numero 7 é mágico e sagrado em varios e crenças populares. É um número que significa a perfeição de um ciclo completo do tempo.
Realidade ou ilusão tem isso aí que postei e mais uma porrada de coincidencias.

Fatos para analisar esta lenda:


---> Os 7 pecados capitais.

---> Quebrar um espelho, traz supostamente 7 anos de azar.

---> O arco iris tem 7 cores.

---> A semana tem 7 dias.

---> Na ficção a história traz "branca de neve e os 7 anões".

---> As notas musicais são 7 = DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI.

---> Temos 7 tipos de arte = música, pintura, literatura, dança, cinema, esculturas e
arquiteturas.

---> Nós possuímos 7 Chakras, que são os centros da energia espiritual em nosso corpo carnal.

---> 7 foram as Chagas de Cristo.

Bem, isso tudo para explicar a numerologia oriental e a razão de os bosques bonsai terem numeros impares de arvores.
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