nickyfury
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 Enviada: Seg Mar 21, 2011 6:14 pm Assunto: bonsai |
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A alporquia é uma técnica tão antiga quanto o "rascunho" da Bíblia, como se costuma dizer. Dizem que foi através dela que os jardins suspensos da Babilônia puderam ser realizados, pois seria a unica maneira de se obter material vindo de todas as partes do mundo antigo e ter sucesso em seu cultivo em vasos e recipientes suspensos (eles ficavam à mostra, próximos das ameias e parapeitos das construções daquela antiga cidade. 
Esse preâmbulo é apenas para definir que, salvo raríssimas exceções, a alporquia pode ser usada com grande sucesso na obtenção e reprodução de toda e qualquer espécie vegetal. Agora, é preciso por outro lado ter um pouco de noção sobre fisiologia vegetal, e conhecer bem a biologia e botanica da espécie que se pretende aplicar a técnica, para ter sucesso garantido na empreitada.
Até onde sei, a nativa Tabebuia chrysotricha Standl, vulgarmente conhecida por ipê amarelo, pertence à Família Bignoniaceae, sendo uma arvore caducifólia com até 30 m de altura, forma irregular e folhas verdes compostas de tres folíolos asperos e coriáceos.
Suas flores são campanuladas (em forma de campulas) amarelo-ouro reunidas em inflorescência terminal. Floresce no final do inverno até primavera, primeiro as flores na árvore sem folhas. Seu melhor cultivo é realizado em local ensolarado, sendo uma espécie pouco exigente quanto à fertilidade do solo, isto é, dispensa o aporte de adubação constante.
Reproduz-se por sementes que devem ser postas em substrato orgânico assim que colhidas, em local sombreado e com regas regulares. O ipê-amarelo é uma espécie heliófita (Planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta) e decídua (que perde as folhas em determinada época do ano). Pertence ao grupo das espécies secundárias iniciais.
Por ser uma caducifólia, a queda das folhas coincide com o período de floração. A floração inicia-se no final de agosto, podendo ocorrer alguma variação devido a fenômenos climáticos. Como a espécie floresce no final do inverno é influenciada pela intensidade do mesmo. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada do ipê amarelo.
A planta é hermafrodita, e frutifica nos meses de setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, dependendo da sua localização. Em cultivo, a espécie inicia o processo reprodutivo após o terceiro ano. Produz madeira de grande durabilidade e resistência ao apodrecimento caracterizada por um cerne de cor pardo-havana-claro, pardo-havan-escuro, ou pardo-acastanhado, com reflexos esverdeados. A superfície da madeira é irregularmente lustrosa, lisa ao tato, possuindo textura media e grã-direita.
Com densidade entre 0,90 e 1,15 grama por centímetro cúbico, a madeira é muito dura apresentando grande dificuldade ao serrar.
A madeira possui cheiro e gosto distintos. Esse cheiro característico é devido à presença da substância lapachol, ou ipeína.
A madeira, sendo pesada como é, com cerne escuro, adquire grande valor comercial na marcenaria e carpintaria. Também é utilizada para fabricação de dormentes, moirões, pontes, postes, eixos de roda, varais de carroça, moendas de cana, etc.
A entrecasca do ipê-amarelo possui propriedades terapêuticas como adstringente, usada no tratamento de garganta e estomatites. É também usada como diurético.
O ipê-amarelo possui flores melíferas e que maduras podem ser utilizadas na alimentação humana.
As levíssimas sementes aladas da espécie não necessitam de quebra de dormência. Podem apenas ser expostas ao sol por cerca de 6 horas e semeadas diretamente nos saquinhos. A quebra natural leva cerca de 3 meses e a quebra na câmara leva 9 meses. A germinação ocorre após 30 dias e de 80%.
As sementes são ortodoxas e há aproximadamente 87000 sementes em cada quilo.
Bem, creio que com as informações acima todos nós passamos a conhecer um pouco melhor o ipê. Isso nos permite estabelecer que para fazermos uma alporquia devemos considerar a possibilidade de executar o tipo "anel de Malpighi", por ser o que melhores condições oferece, vez que não há a necessidade de se efetuar um anelamento completo, com a retirada de toda a casca do anel. Com janelas, fica mais fácil controlar o alporque e ter maiores chances de que a planta não venha a fenecer, secar e morrer.
A melhor época para o alporque parece ser após a floração. Nessa fase, com a planta reiniciando seu ciclo, emitindo novas folhas, aguardamos um pouco até que esteja plenamente restabelecida, iniciando então o anelamento parcial (com janelas), retirando a casca até o cerne da madeira, retirando tambem um pouco do cerne, para evitar o fechamento prematuro da area a ser trabalhada.
Um ponto a ser considerado é que ao forrar a area alporqueada com musgo esfagno, este deverá ter sido previamente umedecido em solução contendo hormonio enraizante. Para garantir, recomendo o melhor hormonio do mercado: superthrive. Não há igual, lamento dizer, nem substituto nacional à altura. Após aplicar o musgo, cobrir com plastico transparente, cuidando de amarrar bem a parte inferior com barbante, apertando bem. A parte superior deverá ficar entreaberta, para promover a aeração interna, o que poderá favorecer o enraizamento.
Ficar atento a presença de animais e insetos, evitando-os durante o procedimento. A planta deverá ser mantida ao sol pleno, enquanto durar o alporque. A umidade no esfagno deverá ser leve, sem encharcamento, repetindo sempre que necessário mas apenas com agua, sem usar novamente hormonio. Após avistarem-se as primeiras raizes, providencias um vaso plastico preto, de tamanho adequado, para ser fixado por sobre o plastico perfurado, cuidando de preencher o interior do vaso com substrato drenante: caco ceramico, areia grossa, pedrisco, carvão, Bioplant (substrato usado por horticultores para a germinação de sementes).
Acredito que fazendo o alporque dessa forma, como descrito acima, há grandes chances de sucesso. O prazo para a retirada irá depender, obviamente, da planta. Por isso, é ficar atento e manter o interior do involucro sempre umido, sem encharcar, e ter paciência, muita paciência.
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