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FÓRUM do Atelier do Bonsai - Mário A G Leal
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Clayton 1.o PASSO

Registrado: 16/09/12 Idade: 46 Mensagens: 125 Localização: Sorocaba-SP
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Enviada: Qui Out 04, 2012 12:55 pm Assunto: Substrato.... opções x aplicações |
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Olá,
sou novato no bonsaismo e, como todo novato em algo que lhe causa paixão, tenho lido um pouco quase todos os dias e com isso, além de conhecimento, surgem dúvidas...
queria ajuda dos experts para alinhar alguns conceitos sobre substrato para as diversas fases (e seus respectivos objetivos) de uma planta até ela poder ser chamada de bonsai...
Tenho várias plantas, algumas ganhadas e outras compradas, sendo que todas estão em recipientes grandes (bacias ou vasos) e acabaram de serem plantadas nestes recipientes (coisa de 5 a 15 dias).... todas elas estão protegidas do sol para se recuperarem...
Tenho objetivos diferentes nelas e usei as seguintes composições de substrato em cada uma delas:
Azaléia Branca (muda grande de 3 troncos com 3 a 4 cm de diâmetro). Tenho por objetivo restabelecer a planta que estava debilitada e daqui a um ano, replantá-la num vaso pré vaso e começar a trabalhar a mesma, substrato atual:
30% de pedrisco de 2 a 4mm
30% de areia de filtro de piscina
15% de terra vegetal
15% de terra comum (retirada de uma horta que havia sido adubada com esterco bovino)
10% de cascalho de laterita (cascalho rico em ferro usado em aquários plantados)
Azaléia Rosa (muda pequena com tronco de 2 cm de diâmetro). Tenho como objetivo deixar a planta crescer e se desenvolver, realizando intervenções, por um período de 3 a 5 anos para depois transferíla para um pré-vaso e refinar o estilo, substrato atual:
30% de pedrisco de 2 a 4mm
30% de areia de filtro de piscina
15% de terra vegetal
15% de terra comum (retirada de uma horta que havia sido adubada com esterco bovino)
10% de cascalho de laterita (cascalho rico em ferro usado em aquários plantados)
Camélia (muda grande, tronco de 4 cm de diâmetro). Tenho por objetivo restabelecer a planta que estava debilitada e daqui a um ano, replantá-la num vaso pré vaso e começar a trabalhar a mesma, substrato atual:
30% de pedrisco de 2 a 4mm
35% de areia de filtro de piscina
17,5% de terra vegetal
17,5% de terra comum (retirada de uma horta que havia sido adubada com esterco bovino)
Caliandra (1 muda com tronco de 1,4 cm e outra com 0,8 cm de diâmetro). Tenho como objetivo deixar a planta crescer e se desenvolver, realizando intervenções, por um período de 3 a 5 anos para depois transferíla para um pré-vaso e refinar o estilo:
30% de pedrisco de 2 a 4mm
35% de areia de filtro de piscina
17,5% de terra vegetal
17,5% de terra comum (retirada de uma horta que havia sido adubada com esterco bovino)
Nota: acho que fiz besteira no caso da terra vegetal e comum, pois peneirei ambas numa peneira fina e usei apenas o material que passou... ou seja, praticamente um pó...
Tenho lido muito a respeito de substrato drenante, uso de caco de tijolo e etc... a dúvida que tenho é se a configuração dos substratos atuais atenderá o resultado esperado?
Vou começar me preparar para os próximo reenvasamentos com a preparação de cacos de tijolos/telhas e o que mais for sugerido... mas tenho dúvidas se já não fiz besteira...
Digo isso porque tenho percebido que as bacias e vasos estão mantendo a umidade por muito tempo, tenho molhado a cada 5 dias, e a cada rega uso o método que vi em vários posts, ou seja:
regar toda a superfície do recipiente;
regar até que haja a saída de água pelos orifícios de drenagem
Além das Plantas acima, quando cheguei em casa ontem, vi que ganhei do meu sogro 2 mudas de ficus que precisarei replantar neste FDS... então, caso tenha feito besteira nas outras, gostaria de começar direito com essas...
Desculpe pela "novela" mas queria expor todo o cenário para os colegas... Abraços e fico no aguardo de uma ajuda! |
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Elio PARTICIPANTE


Registrado: 22/04/05 Idade: 79 Mensagens: 6407 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Qui Out 04, 2012 1:20 pm Assunto: |
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Clayton, abaixo uma matéria minha sobre substrato:
abraço
1) Substrato
Talvez um dos itens mais importantes no cultivo do bonsai seja a composição do substrato. Daí a importância de aprendermos as reais funções do mesmo.
Substrato para plantas é todo o material utilizado como meio de crescimento para plantas, que não seja o solo. Pode ser constituído por um único material ou por uma mistura balanceada de materiais orgânicos, minerais ou sintéticos.
I) Funções
a) (Ação Mecânica) Sustentar a planta
Propiciar a fixação das raízes e da planta como um todo. No bonsai, como o volume de substrato, normalmente, é pequeno, essa ação é realizada através de fixação por arames, prendendo a planta ao vaso. Com o tempo as raízes se incorporarão ao substrato de tal forma que o arame pode ser retirado.
b) (Ação Ambiental) Criar ambiente para as raízes
Disponibilizar às raízes um ambiente favorável ao seu desenvolvimento.
1. Drenagem – permitir que todo o substrato seja umidificado, sem encharcá-lo, ou seja, com um bom escoamento da água. Exemplo errado: usar terra pura, pois tende a compactar e inibir a drenagem.
2. Aeração – Dar condições das raízes respirarem, principalmente as ciliares (meristemas). Tal como as folhas, caule, as raízes também respiram.
c) (Ação Bioquímica) Absorver e disponibilizar nutrientes
O substrato deve conter nutrientes necessários à planta, seja por características próprias; seja por adição de adubo.
Disponibilizar (CTC-Capacidade de Troca de Cátions), de forma constante e “homeopaticamente”, nutrientes e água para as raízes. Se o substrato não tiver essa condição os nutrientes serão lixiviados (lavados) pela chuva e/ou rega.
II – Tipos
Vários materiais podem ser usados como substrato para bonsai, desde que possamos avaliá-los dentro das características já citadas.
Não temos aqui objetivo de mostrar o substrato “ideal”, nem o “melhor” substrato. Apenas iremos citar alguns, com suas vantagens e desvantagens. Com o tempo cada bonsaísta acaba descobrindo o seu “melhor” substrato para as suas plantas.
Alguns desses materiais:
- Akadama ,Kanuma, Pedrisco de rio, Pedrisco de granito, Vermiculita, Cacos de telha ou tijolo, Areia grossa, Condicionador de solo, Casca de pinus, Carvão, Terra preta, Terra Vermelha, Esfagno, Turfa, saibro.
Vamos analisar cada um.
Akadama – É uma argila de origem vulcânica retirada do solo no Japão. Tem as vantagens de ser completamente inerte e inorgânica. Boa absorção de água e proporcionando excelente aeração para as raízes.
Existem 3 tipos: Duro, médio e mole. Duro= Queimado a altíssimas temperaturas. Médio= Natural, retirado de maior profundidade
Mole= Retirado da superfície.
• Kanuma – Aerado, leve e poroso, solo de origem japonesa, extraído numa região com o mesmo nome ( terra das azaléias no Japão). Tem o pH ácido e duradouro. Ideal para acidificar misturas. Indicado especialmente para Ericáceas (Azaléia), como também para frutíferas e floríferas. Assim como o Akadama, apresenta classes de dureza, dependendo da profundidade de mineração.
• pedrisco de rio – Peneirado e lavado, formado por Quartzo, pH neutro, normalmente estéril e inerte. Má retenção de umidade e nutrientes. Elemento importantíssimo na composição de substratos, por apresentar excelente drenagem
• Pedrisco de granito – Brita de pedreiras, de superfície áspera. Normalmente estéril e Inerte. Pequena capacidade de retenção de umidade e nutrientes (por adsorção). Boa drenagem. Ajudam no enraizamento.
• Vermiculita – Material de origem mineral com grande capacidade de absorção e retenção de umidade e nutrientes. pH neutro, isento de nutrientes. Usa-se em pequenas quantidades ou em vasos muito pequenos. Excelente para ser usado em alporquia, pois favorece desembaraço das novas raízes para que possamos colocá-las de forma radial.
• Cacos de telha ou tijolo – É argila queimada. Com boas propriedades de aeração, drenagem e retenção de umidade. Pouca ou nenhuma compactação. Inerte, pH neutro, isento de nutrientes. Material bem arejado e sustenta bem a planta. Não usar material proveniente de telha ou tijolos usados, pois podem conter fungos.
• Areia grossa – Usado especialmente para Estaquia e recuperação de plantas doentes. Consegue reter um pouco de umidade. É passível de compactação por acomodação.
• Condicionador de solo – São substratos preparados industrialmente, para compor solos de floreiras, sementeiras, etc. Normalmente possuem em sua composição, carvão, terra, casca de arroz, casca de pinus e, às vezes, com adição de alguns nutrientes. Alguns exemplos: Biomil, Biomix, Top Garden, etc. Usa-se em boa quantidade em plantas de folhas largas e tropicais em geral. Tende a acidificar devido à decomposição da matéria orgânica.
• Carvão Vegetal– O fino de carvão, obtido no processo de peneiramento na classificação do carvão vegetal, tem uma estrutura altamente porosa que, se misturado ao solo ou substrato pode aumentar a porosidade, a capacidade de retenção de água. Aumenta o teor de fósforo disponível (P) e potássio trocável (K). Diminuição da acidez potencial do solo (Elevação do pH). Elevada porosidade e área superficial, o que serve de refúgio para microorganismos, tais como micorrizas . Usar em pequenas quantidades (não mais que 10%), pois ao longo do tempo retém muitos sais minerais. Retém toxinas geradas pela decomposição da matéria orgânica, evitando intoxicação das plantas.
• Turfa – A turfa é um material de origem vegetal parcialmente decomposto, encontrado em camadas, geralmente em regiões pantanosas e também sobre montanhas (turfa de altitude). É formada principalmente por esfagno, mas também de juncos, árvores, etc. pH ácido, entre 3,5 e 4,5.. Bom uso em azaléias.
• Esfagno – (Sphagnum)- Trata-se de um musgo que, colhido pode ser secado ou cozido. Usa-se muito em Alporquia e no cultivo de Carnívoras. Ao adquirir o esfagno, examine bem, pois se conter alguma parte ainda verde é sinal que, ou não foi cozido ou não secou bem. O problema daí pode surgir por conter fungos e sementes de ervas daninhas. Excelente retenção de umidade e agregador de substrato. Imprescindível o uso em composições de substrato elevado, colocado em lajes. Usa-se também em cobertura de substrato em vasos pequenos, normalmente, para manter um total do substrato úmido. Coloca-se também na superfície do substrato das plantas recém transplantadas para manter a temperatura e umidade em níveis ideais para o desenvolvimento das raízes.
• Terra Preta – O ideal é usar terra esterilizada para que se elimine qualquer vestígio de sementes, fungos e ovos. O uso deve ser comedido, pois tende a compactar-se. A vantagem é que por ser de extração natural do solo, já contém muitos nutrientes. Ex.: Terra vermelha é rica em ferro.
• Casca de Pinus - Este é um componente orgânico do solo. Boa retenção de umidade. Não usar o pinheiro muito fino, empoeirado, mas sim os pequenos "chips". Não use casca ainda verde, pois pode conter fungos e outros microorganismos patogênicos, além de liberar toxinas que podem levar a planta até à morte.Tem boa absorção de adubos. Desvantagem: Decompõe-se rapidamente, assim, usar com moderação. Ricas em resinas e têm propriedades bactericidas.
Divisão Orgânico-Inorgânicos:
Orgânicos: Condicionador de solo, terra, carvão vegetal, Casca de Pinus,
Turfa, esfagno
Inorgânicos: Areia, pedrisco, caqueira, vermiculita, akadama, kanuma.
III – Composição
• Se você necessita um crescimento rápido, ou para uma planta pouco saudável, a mistura deve ser de partículas grossas. Mas, se você não deseja um crescimento rápido, use misturas mais finas, pouco material orgânico e aperte a mistura junto às raízes. (John Naka)
• As plantas de folhas caducas e de folhas perenes largas requerem mais material orgânico. Já as coníferas, mais pedrisco e material inorgânico.
• Planta doente, o ideal é mantê-la apenas em areia grossa, até sua recuperação.
Sugestão de composição
Se 100 bonsaístas forem perguntados sobre a composição do seu substrato; 100 serão diferentes.
O que passamos abaixo é um padrão referencial, devendo ser adaptado a cada situação, conforme o micro clima, espécies, regime de rega, etc.
a) Por famílias:
Coníferas= 40% Pedrisco ou brita
30% Caqueira
25% Material orgânico
05% Carvão
Demais= 30% Pedrisco ou brita
25% Caqueira
40% Material orgânico
05% Carvão
Azaléia= 20% Pedrisco ou brita
20% Caqueira
30% Substância orgânica
30% Casca de Pinus
Obs.: As coníferas jovens podem ser tratadas como as “demais”
Outra sugestão, mais simplificada
GRUPO 1 : (3/4 orgânico - 1/4 inorgânico)
Azaléia, rododendros, plantas de folhagem tropical.
GRUPO 2 : (2/3 orgânico - 1/3 inorgânico)
Acer, zelkova, Ulmos.
GRUPO 3 : (1/2 orgânico - 1/2 inorgânico)
Piracanta, glicínea, fícus, macieira, cotoneaster.
GRUPO 4 : (1/3 orgânico - 2/3 inorgânico)
Ginkgo, ciprete, criptoméria.
GRUPO 5 : (1/4 orgânico - 3/4 inorgânico)
Pinheiros, juníperos, crassula, portulacaria, eucaliptos, plantas alpinas e desérticas em geral.
b) Por Tamanho de Vasos
-Vasos maiores= Maiores grânulos
-Vasos menores= Menores grânulos
-Vasos muito pequenos=Acrescentar 50% de Esfagno ou Vermiculita
c) Por Estágio da planta
- Mudas e pré-bonsai=Grânulos maiores
-Bonsai formado=Grânulos menores
Fontes:
Bibliografia:
Gloria,B.A; Guerreiro, SMC (Anatomia Vegetal
Waltson Brent (Substrato)
Gainotti, Alba (Biologia 2002)
Embrapa (Tecnologia da Micorriza)
Pastore, Olavo (Substrato)
Walsh, Andy (Super adubação)
Agrolink (Fertilizantes) _________________ Elio
"Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos." Jó 14:7 |
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Clayton 1.o PASSO

Registrado: 16/09/12 Idade: 46 Mensagens: 125 Localização: Sorocaba-SP
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Enviada: Qui Out 04, 2012 2:35 pm Assunto: |
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putz, me achei....
Obrigado Elio... já percebi que algumas de minhas composições não estão lá muito corretas....
como no caso das plantas em recuperação... compensa mudar agora o substrato ou seria muito ruim uma nova intervenção???
detalhe, só poderei estar mexendo no final de semana do feriado do dia 12/10... motivos profissionais e pessoais me impedem de uma nova seção de trabalhos longos nas plantas...
Abraços |
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gil_fuka 4.o PASSO


Registrado: 20/06/12 Idade: 39 Mensagens: 685 Localização: Sorocaba-SP
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Elio PARTICIPANTE


Registrado: 22/04/05 Idade: 79 Mensagens: 6407 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Qui Out 04, 2012 10:23 pm Assunto: |
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Clayton, não faça novo replante agora. As plantas têm que recompor seus sistemas radiculares. Isso leva, no mínimo 4 a 6 meses.
Mas, fique tranquilo, já que as tuas composições não estão tão erradas. Não a ponto de prejudicá-las.
Cuidar da adubação (daqui a 60/90 dias), rega e insolação é agora o mais importante!
abraço
Gil, que bom que gostou!
abraço _________________ Elio
"Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos." Jó 14:7 |
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