FÓRUM do Atelier do Bonsai - Mário A G Leal

[fabianoscosta]

Envasar um bonsai em um recipiente muito grande para um maior desenvolvimento é um erro que muitos cometem inconscientemente. A seguir está uma explicação de porque este é um problema. É tirado e editado de vários posts sobre o Fórum Bonsaisite , por Brent Walston.



Continua...

http://fabiano.projetobonsai.com/2011/01/10/vaso-grande-demais-overpotting/

Abraço,
Fabiano.
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Pequeno gafanhoto
Clube Floripa Bonsai
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[Arzivenko]

Bom artigo Fabiano, eu acho que tudo depende da prática de quem cultiva. Walter Pall por exemplo, utiliza recipientes bastante reduzidos, normalmente menores do que os vasos definitivos, isto porque o substrato utilizado é extremamente inorgânico e drenante. Bom, vamos fazer o mesmo? eu não faço, porque não seria capaz de adubar duas vezes por semana, com o dobro da concentração indicada pelo fabricante (do adubo), que é o que o W. Pall faz. Então prefiro maior carga orgânica o que me possibilita ser mais relaxado com relação à adubação.

A dupla escorredor+mamadeira tem vários defeitos, bem como várias qualidades. Eu deixei de utilizar porque cheguei em uma combinação de substrato que satisfaz minhas necessidades, não sendo mais necessário o uso combinado de dois diferentes. Entretanto, acredito que para muitas pessoas essa dupla ainda seja muito conveniente, principalmente pela facilidade de transporte, falta de espaço e crescimento obtido.

O tema substrato já foi, contia sendo, e será por muito tempo discutido diariamente, o que me basta é saber que substrato perfeito não existe, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Eu, particularmente, estou sempre testando diversas maneiras de fazer as mesmas coisas, troco idéias, experiências, e busco o que melhor se aplica para mim.

[nickyfury]

Fabiano, eu concordo parcialmente com a excelente explanação do Arzi. Assim como o nobre Arzi, ao longo dos anos testei varios componentes até obter um substrato que, se não é o ideal, pelo menos atinge as necessidades de cultivo em meu viveiro. Claro que, para cada espécie há que se fazer uma adequação, pois infelizmente não posso fazer uso de apenas um tipo de composição de substrato para toda e qualquer planta.

O pessoal na Espanha, pelo que leio na revista Bonsai Actual, faz uso apenas de Akadama e suas variedades (kanuma, kirin, etc), mas o preço para nós brasileiros é muito oneroso, tornando esse substrato algo muito caro para ser usado diuturnamente como eles e os japoneses fazerm. Ainda é algo proibitivo para o cultivo nacional, de uma maneira geral.

Por isso a diversidade, inclusive regional e até mesmo estadual, do substrato usado pelos cultivadores nacionais, eu incluso.

A adubação, aos poucos, vou aprendendo a manejar de forma correta, ou perto disso, para obter bons resultados. É imprescindível fazê-la, pois nossas plantas apenas podem atingir sua plenitude e maturação se soubermos como e quando aplicar corretamente o aporte de adubo de elas necessitam, para sua sobrevivencia e desenvolvimento.

A primeira vez que tomei ciência sobre como era omisso em relação a adubação periódica e constante foi em 2003, quando participei de um evento realizado pela empresa Terra Bonsai, do bonsaista mineiro Rock Junior. Presente ao evento, inclusive, estava o produtor e comerciante Valentin, que proporcionou excelentes informações acerca desse tão acalorado e importante assunto.

Ainda hoje é surpreendente o pouco que sei e a maneira pouco ortodoxa e negligente com que manejamos a adubação em nossoas plantas, se comparados com o que fazem americanos, europeus e japoneses. Os chineses são tão ou mais fracos que nós nessa área, mais afeitos a uma adubação apenas para superdesenvolver suas plantas, reduzindo o aporte tão logo o conseguem, ao ponto de quase nada após o material estar finalizado, na concepção deles, é claro.

O tema adubação, aliás, é tão controverso que, ainda que seja o ideal, não é sequer abordado nos eventos, cursos ou workshops como um assunto importante e que deveria constar na pauta de discussão e debates. Mas a maioria não vê dessa forma, relegando o tema a um eventual curso para iniciantes, quando o fazem, e sempre apenas com referencias vagas e imprecisas, que mais geram dúvida que bonsenso.

O colapso do substrato pode vir a ocorrer, dentro de um recipiente grande, se o cultivador deixar que isso aconteça, sem tomar em conta as medidas necessárias afim de evitar tal desastre. Uma dessas medidas saneadoras é justamente a troca periódica do substrato. Independentemente de estar o cultivo sendo feito em um recipiente grande ou médio ou pequeno, é imprescíndivel que, considerando a espécie e a idade e tamanho da planta, esta sofra o reenvase periodicamente.

No meu entender, todas as plantas terão que, ao longo de seu tempo de cultivo, serem devidamente reenvasadas. Na oportunidade, então, é que o cultivador poderá analisar detidamente a composição do substrato em que as raízes da planta estavam imersas, para constatar se deve continuar fazendo uso da mesma mistura ou, se for o caso, de substituir, trocar ou acrescentar algum outro componente, com vistas a corrigir o problema, caso haja algum.

O reenvase é igualmente uma boa oportunidade não só para analisar o substrato que está sendo usado, mas igualmente para proceder a correções na própria planta, seja com a redução de raízes grossas, seja com a redução da própria planta, o que obviamente irá ensejar a troca do recipiente até então utilizado por outro menor, ou vice-versa, dependendo das intenções e projeções do cultivador para a planta em tela.

Em relação ao uso dos aceleradores, como são chamados a base escorredor/bacia (mamadeira), o correto manejo da planta é quem determina de fato se o uso do recurso é bom ou não. Algumas espécies, por seu desenvolvimento acelerado, como é o caso do ficus, dispensam a adoção desse tipo de manejo. Mas outras espécies, porém, respondem bem e nada há que desabone seu uso.

Acredito que o certo seja ter bom senso e estar atento às necessidades da espécie que se cultiva, antes de fazer uso de um acelerador de crescimento. Tenho obtido ótimos resultados, por exemplo, com acer burgerianum, cultivando a espécie apenas em bacia plastica grande, sem escorredor intermediando.
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que a compreensão liberte a energia criativa que existe em nós.


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[fabianoscosta]

Opa, legal a participação dos amigos.

Bem, o problema maior de todos realmente é o colapso do substrato que com certeza haverá, mais cedo ou mais tarde, depende então de sua composição, adubação e tipo/espécie de planta que ocupa o vaso/pote.

Fica então a dúvida, porque encher uma bacia enorme para uma muda interessante ficar uns 3 anos sem me preocupar com o transplante, sendo que em no máximo 1 ano e meio ela estará totalmente tomada por raízes e compactado devido à adubação orgânica?

Concordo com vc Fernando sobre o transplante, a planta parece que respira de novo após o sufocamento, o sub-desenvolvimento é claro em planta que precisa ser mudada de substrato, parece até que nos agradece após o transplante, com desenvolvimento altamente rápido e sadio.

Sobre a mamadeira/escorredor, tenho vários ainda, alguns retirei e não vi grande desenvolvimento na mamadeira, outros existe um maior, mas me parece que se tivesse usado uma bacia mais apropriada seria mais interessante para o desenvolvimento geral, visto que no escorredor o substrato é outro, muito mais orgânico, não que isto seja obrigação que seja feito porém é como nos foi ensinado desde o início e acabamos fazendo crendo que o resultado final fosse algo homogêneo à todo tipo de planta, generalizado, mas com o tempo nota-se que não é, se o objetivo da mamadeira é tempo a mais sem transplante, senão não haveria nexo fazer todo o conjunto e desmanchá-lo em seguida para transplante, o substrato do escorredor entra em colapso rapidamente, comprometendo então a massa radicular mais importante para o bonsai, a próxima da base.

Na hora da rega percebo que está muito compactado e a água fica sobre e chega a escorrer para a bacia de mamadeira, só depois de insistência molha de verdade, então a finalidade da mamadeira para mim é questionável, seja lá com que substrato for, pois nos meus são de grãos médios/grados 3~5mm e mesmo assim no máximo em 2 anos entrou tudo em colapso, inclusive o substrato da mamadeira (este principalmente).

O W. Pall usa recipientes reeduzidos mesmo com granulometria maior e grande drenagem, mas aduba mais e rega mais, além de que terá que transplantar mais, tudo dentro de sua prática e experiência, se ele pode fazer e acha melhor, ele faz, é mestre e sabe.

Substrato é assunto pra mais de metro (hihi) mas não é o caso aqui, falamos de overpotting, onde é muito interessante e econômico no final das contas, tem relação direta, assim como rega e tudo mais, porém se nos estendermos a isso falaremos mais 9 a 10 páginas dizendo a mesma coisa e não chegando a consenso algum pois como todos sabem a coisa é regional e pessoal.

Abraço.
Fabiano
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[André Luiz Santos]

Como o bonsai é uma arte...gostaria de poder escolher sempre a “moldura” que foi padronizada a centenas de anos.Infelizmente eu tenho que cultivar meus bonsais em vasos maiores e com substrato que armazenam mais umidade...não posso usar “coisa” muito drenante.Motivo: eu saio para trabalhar as 5:40 da madruga e retorno para casa as 19:20 da noite, minha mistura de substrato e tamanho do vaso tem que garantir um ciclo de rega de 24 horas, pois molho sempre as 20 horas.
Mas um dia quem sabe...eu tenha mais tempo, para seguir mais a risca as teorias.
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“A impaciência pode levar a morte à Única Arte Viva do Planeta”

[fabianoscosta]

André meu amigo, isso não é teoria, é experiência, prática!

Abração,
Fabiano.
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[EZEQUIEL JUNIOR]

Olá Fabiano,

Muito interessante o tema que o amigo levantou para discussão.
O que posso colocar junto com os comentários que os amigos já deixaram é que os bonsai em sua maioria são adubados em excesso, e se não fosse o uso de material com grande drenagem muitos já teriam perdido muitas plantas. Como o João e o Nicky, eu cheguei à uma composição que as minhas plantas respondem bem, mas sei que não é uma regra geral, pois mesmo com o pequeno número de espécies que cultivo tenho usado três substratos diferentes para a mamadeira.

Sobre a compactação do substrato do escorredor, vou deixar minha experiência pois também, no início tive esse problema.
Nas minhas plantas, assim que germinam, são cortadas a maioria das raízes, principalmente às pivotantes. A mudinha então vai para um saquinho ou algum recipiente para desenvolver uma certa quantidade de raízes, o que leva mais ou menos um ano. Depois desse crescimento secundário, eu retiro a muda, e organizo novamente às raízes de forma à compor um bom nebari no futuro e planto novamente em um escorredor com areia, só areia e às vezes areia + substrato para mudas de hortaliças. Depois que as mudas começasm a se desenvolver no escorredor elas vão para a mamadeira. O substrato da mamadeira varia conforme a espécie que se cultiva, mas na maioria eu uso esterco curtido (70%) e areia fina (30%), colocando sempre uns 8 centímetros de pedrisco no fundo da mamadeira. Não adubo mais no escorredor, só na mamadeira. Assim, não tenho problemas com compactação so substrato do escorredor. Uso areia pura por que a planta fica muito pouco tempo dependendo somente do escorredor, logo ela vai para a mamadeira mesmo.

Outra coisa que me ajuda muito é que apesar de estar satisfeito com o desenvolvimento das minhas plantas, não deixo de testar novas composições para a mamadeira ou outro recipiente de "engorda" e penso que é isso que vale: estar sempre insatisfeiro com o desenvolvimento das plantas e buscar sempre melhorar no cultivo delas.

O Nicky colocou algo interessante também, que é o custo do substrato. Deixo de usar uma composição mais variada também em função do custo. Vai encher 100 mamadeiras de 20 a 40 litros cada com casca de pinus triturada para ver o quanto vai gastar...

No mais, vamos continuar aprendendo um com o outro e também com as plantas, que é o mais importante.

Abraços