FÓRUM do Atelier do Bonsai - Mário A G Leal

[pedrotv]

Amigos, não quero que me entendam mal... Acho de suma importância aprendermos as técnicas e estilos. São estudados, afinal, há muitos séculos. O que quero dizer, é que para além das regras existe a planta. Como diz a D. Emiko Nakahara, não é o bonsaísta que faz a planta, mas a planta que faz o bonsaísta. Adorei o exemplar apresentado por ter um aspecto natural. É isso que desejo buscar no bonsai. Não exatamente uma representação da natureza ou uma miniaturização de uma árvore, mas também não é ficarem todas iguais a desenhos do John Naka (plantas fantásticas, técnicas fundamentais). Como coloco na minha assinatura, vejo o bonsai como um sonho de perfeição estética. Se é um sonho, precisa emocionar e para isso transmitir algum significado. Então, para mim, cada árvore, é muito mais do que um Bon+sai (árvore num vaso), mas algo que está escrito nas entrelinhas do conjunto. Está naquilo que transmite como impressão. A árvore do Lucca me transmite uma impressão de paz e juventude. Ao mesmo tempo tranquila e rebelde, dando a impressão de querer crescer, se expandir. Ora, se encaramos o bonsai com precisando aparentar ser uma árvore muito velha (o que não acontece com a maioria dos bonsai do Walter Pall, yamadori que sejam), então estaria errado... Por isso vejo que um bonsai pode aparentar juventude, se é essa a impressão a ser passada. Com o tempo, ele irá se desenvolver e se transformar. Aparentará a mesma coisa no futuro? Ainda não se sabe, mas é por isso que é uma arte viva.
Sergivaldo é um mestre. Me espelho nele pelo trabalho com plantas nativas, que vão justamente de encontro com essa filosofia. Nossa cultura deve ser exaltada. Mas nossas árvores devem se parecer com árvores nossas e não com pinheiros negros japoneses... Aqui no Brasil têm-se feito jins e sharis em tudo quanto é planta, mesmo que sem necessidade alguma... Isso é uma pena. Lucca, parabéns pela sua árvore e pelo que me ensina e transmite. Adorei!!!
Um grande abraço a todos e muitos desejos de paz e harmonia no ano que se aproxima.
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Um amigo é uma estrada, um inimigo é um muro - provérbio chinês.

Abraços,
Pedro Bessa
http://pedrobonsai.wordpress.com

[sdlucca]

Opa!

Muito obrigado pessoal pelos comentários, e sugestões eu não esperava de forma alguma que o meu singelo trabalho despertasse tantos elogios fico muito feliz e animado.
Assim como vocês eu tento fazer o melhor que posso com as plantinhas que possuo, sempre ligado e atento para apreender cada vez mais sem pressa e com muita humildade.


Um grande abraço a todos e um feliz natal.

Silvio.

[nickyfury]

Pedro,

Creio que com suas excelentes colocações vc tenha atingido o cerne da questão. Realmente, aprendermos com a natureza é algo extremamente relevante e primordial, sempre. Assino em baixo, aliás.

Quanto aos shari e jin, eles são obra da natureza, não só da natureza japonesa, mas da natureza mundial. Onde houver vento, chuvas fortes, precipitação de granizo e outras manifestações climáticas, haverá, claro, por parte das arvores, resposta na forma de shari e jin, que são na verdade a tradução da agressão fisica infligida pela natureza num determinado ponto da arvore, seja um galho, seja seu tronco, seja seu apice.

Num descampado, em que haja poucas arvores, será sempre encontravel uma que tenha, em algum momento de seu desenvolvimento, sofrido uma agressão como as que citei. Raios, por exemplo, buscam apices de arvores para subirem ao encontro das cargas eletricas, durante uma tempestade qualquer. Isso desencadeia algo que acaba destruindo, parcialmente, o tronco de uma arvore, matando parte dela, que exposta doravante à ação inclemente do tempo, acaba se tornando um shari, belo e natural.

Tenho esses exemplos no cerrado que preenche todo o Distrito Federal e adjacêncas. Mas tive oportunidade, igualmente, de apreciar esse trabalho da natureza em arvores por todo o nosso país, sejam elas grandes, médias ou pequenas. Parte dos troncos, alguns galhos, as vezes a arvore toda. Então, shari e jin, naturais, existem em qualquer lugar, não só nas nativas japonesas ou chinesas. Nas arvores brasileiras, algumas até cultivadas como bonsai por grandes bonsaistas aqui da terrinha, é normal o shari e o jin.

Tirante isso, buscar a juventude numa arvore velha é algo que sempre nos encanta a todos. Conseguir, de alguma forma, transmitir isso para os nossos bonsai, é algo que todos nos empenhamos em tentar conseguir.
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que a compreensão liberte a energia criativa que existe em nós.


http://www.brasiliabonsaiclube.com (faça-nos uma visita, vc é sempre bem vindo)

[duprat]

Muito boa a planta Lucca
Curioso ninguém ter comentado a possibilidade de conduzir o trabalho para o estilo Sokan, o qual me parece muito propicio. Em parte isso corrobora com as indicações do vhobus. Vale a pena atentar para esta possibilidade, pois é raro encontrar material que tenha a divisão do tronco perto do nebari, com variação de grossura e altura adequada entre os troncos, como requer o estilo. Idealmente o tronco maior deve ter a dobro da grossura e altura do menor e se este não é o caso rigorosamente falando a planta dele muito se aproxima.
É um estilo sem duvida difícil de ser harmonizado pelo fato de se tratarem de dois elementos, número geralmente evitado nos bonsai. Neste sentido vale a recomendação de que a dinâmica do tronco menor seja a mesma da do maior o que facilita muito a harmonia além de propiciar uma leitura simbólica irresistível que relaciona a planta com as polaridades Yin e Yang, representação de marido e esposa, pai e filho, mestre e discípulo etc...

obs: grande Sergivaldo que prazer ve-lo de volta por aqui.
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Grande abraço.
(Heráclito de Efeso Frag. 84) "Tranformando-se, repousa".
Diria também: Bonsai: transformando-se repousa.

Duprat

[nickyfury]

Duprat, a largueza de espirito que todos temos, vez ou outra tapa nossos olhos até mesmo para o mais óbvio. Onde então é imprescindível que algum forista, mais atento, reveja os quadros e encontre a solução onde ela esteve o tempo inteiro, fora do alcance da nossa visão, mas perceptível à alguem em particular. No caso, voce foi quem teve o condão de tocar na parte mágica dessa visão, e descobrir esse estilo, oculto e ao mesmo tempo tão presente.

Sergivaldo, meu grande e nobre amigo, seja muitissimo bem-vindo às nossas paginas foristicas. Suas explanações e colocações são de muito bom tom e agradam a todos nós, sem exceção.

Dentro da conceituação colocada pelo Valdir, eis um belo exemplar de Karin, um marmeleiro japones:


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que a compreensão liberte a energia criativa que existe em nós.


http://www.brasiliabonsaiclube.com (faça-nos uma visita, vc é sempre bem vindo)

[duprat]

Este Tópico está ficando bom hein. Então vamos alongar ...
deixe colocar também dois exemplos do que indiquei.



O primeiro Eu gosto muito, o segundo é mais característico do estilo por mim citado e serviu de inspiração para o desenho que fiz deste estilo para o Mario.

Em verdade o lucca já apontou o desenho da árvore nesta direção, e só tenho uma ressalva que poderia fazer ao que foi desenvolvido. Trata-se do galho mais baixo que une os dois troncos roubando um pouco o principio da divisão inerente ao que foi escolhido (tronco duplo).
Não deu para entender direito na foto se ele pertence ao tronco da esquerda ou se existem dois galhos, um em cada tronco. Especulei no projeto este ultimo caso e mantive o galho no tronco da direita.
Como sempre insisto que troncos finos ficam mais harmonicos com ramos curtos entao diminui tb um pouco o comprimento de alguns.

Outra observação é que acima ambos os trabalhos se escolheu um vaso redondo. Se cabe especular sobre isso a divisão dos dois troncos logo na base forma um triangulo invertido e de fato me parece conveniente o vaso redondo pois este funciona como uma espécie de ponto de chegada dos dois troncos, dando estabilidade e se harmonizando melhor ao conjunto que um vaso quadrado.

Assim juntando tudo e aproximando um pouco mais os troncos como muito bem sugeriu o vhobus, ficaria algo assim, ,,,,



Bem neste caso a simetria de modo algum me incomoda pelo contrario para mim é ela que dá a graça. Outra observação pertinente foi que ao fazer o projeto senti um ganho enorme ao romper todos os contatos dos ramos de um tronco em relação ao outro, deixando um vazio atravessar o conjunto.
Enfim não é mesmo um estilo fácil.... nem na dinamica do tronco nem da configuração dos galhos e copas nem tampouco na escolha do vaso.... e o que está sendo feito me parece muito bem encaminhado, sendo estas pequenas alterações sugeridas muito relativas e particulares.
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Grande abraço.
(Heráclito de Efeso Frag. 84) "Tranformando-se, repousa".
Diria também: Bonsai: transformando-se repousa.

Duprat

[duprat]

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[duprat]

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Diria também: Bonsai: transformando-se repousa.

Duprat

[sdlucca]

muito bom duprat ficou muito bom, e como você disse é só fazer pequenos ajustes para se conseguir este resultado.

Muito obrigado!

Silvio.